Por Wilson José Mateo Dornelles-Cicico, médico-veterinário e produtor rural em Uruguaiana/RS
A opinião pública formada a martelo, por informações tendenciosas, acabou totalmente convencida que o mal do mundo é a agropecuária e seus algozes os produtores que estão acabando com a natureza.
Essas afirmações não se apoiam em verdades que as leve à próxima esquina.
Falando praticamente com exemplos vivos e que estão disponíveis na própria existência da atividade rural, o que ocorre hoje nessa bela realidade do nosso campo, é a convivência com animais e plantas que são constantemente e erroneamente citadas como extintos, mas usados para “enfeitar” acusações contra quem produz.
Os registros e exemplos desses perigosos enganos estão disponíveis a todos, vou citar apenas alguns que pude observar pessoalmente ou receber de amigos e colegas.
* Os cardiais da Estância Coqueiro, do Tunico Fagundes, às margens do Rio Uruguai, que antes andavam em duplas ou solitários, mas agora em bandos que enfeitam de vermelho os campos e instalações da propriedade. Mas eles tem sido vistos também as margens das rodovias e até mesmo em pontos da cidade.
* Bandos de calhandras que foram registrados na Vale do Camoaty do José Ovídeo Costa, mas também em muitos outros lugares.
* Os jacarés, garças, colhereiros, tajãs e capivaras que hoje colorem a margens das lavouras, sangas e açudes, disputando as melhores condições oferecidas para sua alimentação.
* Os cisnes de pescoço preto que só fui conhecer depois de velho e de ouvir que o “agro” havia destruído a nossa riqueza zoológica.
* As emas que, sim, sofreram ataques de quem recolhia suas penas para fazer espanadores e ovos para um complemento alimentar que nunca foi muito bem explicado, mas que souberam superar esses desafios e hoje andam livremente em pequenos bandos exibindo aquela tranquilidade que inveja os mais afoitos, mostrando as obrigações do macho até para cuidar do ninho.
* Os veadinhos campeiros que haviam desaparecido e retornaram ao seu habitat predileto, o Cerro do Jarau, mas que tem sido vistos bem longe de lá, expulsos por uma espécie de veados maiores e pelos famigerados javalis.
* As andorinhas e tesourinhas que decoravam os pátios das nossas estâncias e granjas, que andavam meio sumidas, mas que retornaram com a elegância do seu voo e seus trejeitos aéreos que encantam a todos.
* Os sorros, leões-baios e lobos-guará engordam a lista dos salvados e reclamados e continuam a amedrontar pessoas desavisadas.
Acho que vão concordar comigo que não é fácil aceitar e carregar essa carga de culpa, totalmente falsa, mas muito pior será ter que, um dia, agradecer e se desculpar com os autores dessa ressurreição, verdadeira, clara e graças a Deus, muito presente.
Viva a agropecuária! Viva os seus métodos de produção que deveriam estar sendo aplaudidos porque conseguem, muito bem, proteger a natureza!