O mercado de feijão carioca demonstrou uma notável estagnação em agosto, com preços relativamente estáveis e baixa movimentação.
Segundo o analista e consultor da Safras & Mercado Evandro Oliveira, a falta de negociações concretizadas e a retração dos produtores contribuíram para essa estabilidade, com muitos mantendo suas pedidas altas na esperança de melhores condições de mercado.
Preços elevados nas prateleiras
Segundo Oliveira, com a virada do mês e a expectativa de novas reposições no varejo, a demanda pode experimentar uma melhora gradual, principalmente por conta dos preços elevados do feijão preto que já atinge entre R$ 8,00 e R$ 10,00 nas prateleiras.
Ele afirma que, tradicionalmente, esse período de início de mês é marcado por um aumento nas compras, impulsionado pelo pagamento de salários e recebimento de auxílios federais.
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“Se essa expectativa se concretizar, é possível que o ritmo de recuperação das cotações da variedade se intensifique”, avalia.
Feijão preto
Enquanto o feijão carioca teve uma estagnação, o mercado de grão preto teve uma forte alta nos preços devido à baixa disponibilidade.
O grão importado da Argentina passou a ser oferecido na faixa de R$ 390,00 por saca na segunda quinzena do mês, refletindo a escassez de oferta e a crescente demanda, especialmente do Rio Grande do Sul, que perdeu metade da safra devido ao excesso de chuvas no início do ano.
Em contraste, os feijões nacionais variaram entre R$ 350,00 e R$ 370,00 por saca, dependendo do padrão de qualidade.
Conforme o analista, nos últimos dias do mês a demanda por produto comercial aumentou devido aos preços mais acessíveis, resultando no rápido desaparecimento das ofertas, já que os estoques disponíveis foram rapidamente absorvidos pelo mercado.
A primeira safra de feijão carioca 2023/24, uma das mais complexas dos últimos anos, apresentou uma produção de 556,7 mil toneladas, uma queda de 5,53% em relação à safra da temporada anterior.
Estimativa de queda
A recente estimativa de Safras & Mercado para o feijão carioca apontou para 10% de perdas no Brasil na primeira safra 2023/24.
A área foi projetada em 1,99%, enquanto a produção nacional poderá diminuir 5,53%, passando de 589,3 mil toneladas em 2022/23 para 556,7 mil toneladas em 2023/24.
A produtividade também deve registrar uma retração de 3,61%, atingindo 1.649 kg/ha na safra 2023/24.
No Sul, a área plantada deve cair 9,15%, de 59,4 mil hectares em 2022/23 para 54 mil hectares em 2023/24.
Como resultado, a produção também deve cair cerca de 16,91%, de 110,7 mil toneladas para 92 mil toneladas.
A projeção para a produtividade da região diminuiu 3,43%, atingindo 1.863 kg/ha em 2023/24, em comparação aos 1.929 kg/ha da safra anterior.
O Paraná, o maior produtor da região, registrou uma redução de 6,33% na área plantada e uma queda expressiva de 18,43% na produção, refletindo uma diminuição de 12,92% na produtividade.
Em Santa Catarina, as reduções foram ainda mais acentuadas, com a área plantada caindo 23,14% e a produção 25,06%.
No Rio Grande do Sul, embora a área plantada tenha caído levemente (1,39%), a produção aumentou 3,31%, devido a uma elevação de 4,76% na produtividade.
Na região Norte/Nordeste, a situação foi mais positiva. Embora a área plantada tenha diminuído 2,91%, a produção aumentou 3,66%, resultando em uma melhora de 6,77% na produtividade, que atingiu 794 kg/ha em 2023/24, em comparação aos 743 kg/ha do ciclo anterior.
Já no Centro-Sul a redução deve ser de 1,75% na área plantada. A produção também pode registrar uma queda de 6,44%, acompanhada por uma diminuição de 4,77% na produtividade, que caiu para 1.871 kg/ha nas estimativas.
Fonte: Safras & Mercado