As vendas de carne suína ao exterior chegaram a 99,1 mil toneladas em outubro. O número considera todos os produtos, entre in natura e processados. Os dados integram o levantamento feito pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 88,5 mil toneladas, houve alta de 11,9%.
Entretanto, o incremento no valor foi um pouco menor. O total em dólares das exportações de outubro chegou a US$ 217,9 milhões. Ou seja, resultado 9,3% maior que os US$ 199,4 milhões obtidos com os embarques no mesmo período do ano passado.
“A queda dos valores se deve ao reposicionamento do mercado internacional. As proteínas têm tido algumas dificuldades, especialmente a carne suína.”
É o que explica o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips), Rogério Kerber. “Mas está dentro das cotações do mercado global.”
Acumulado
No acumulado do ano, as negociações de carne suína já se aproximam de 1 milhão de toneladas. Entre janeiro e outubro, foram embarcadas 967,9 mil toneladas. O volume foi 13,4% acima do registrado nos dez primeiros meses de 2020, com 853,4 mil toneladas.
O saldo é significativamente positivo também na receita das exportações, chegando a US$ 2,279 bilhões. Este desempenho é 21,5% maior do que o efetivado entre janeiro e outubro do ano passado, com US$ 1,876 bilhão.
“A média de embarques registrada até aqui no segundo semestre é histórica, acima de 100 mil toneladas. E projeta para o cumprimento da expectativa de um novo recorde de exportações de carne suína do Brasil, alcançando 1,1 milhão de toneladas.”
Ricardo Santin, presidente da ABPA
Embargo
Segundo Kerber, a suspensão da compra de carne bovina pela China acabou impactando o setor de suínos também. “Porque a produção que seria exportada voltou-se para o mercado doméstico, com redução de preços. Isso faz pressão no consumo das proteínas animais.”
Além disso, ele elenca a perda de renda média das famílias como um limitador das vendas no mercado interno. “O custo de vida tem subido e tomado parte das rendas. Custo de energia, combustível e gás acabam comprometendo o poder de compra da famílias brasileiras.”
Mercados
A China segue como principal destino das exportações de carne suína, com importação total de 481,9 mil toneladas nos dez meses de 2021. Este volume é 13,9% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.
Outros destaques são:
- Chile, com 52,5 mil toneladas (+56,5%),
- Japão, com 11,3 mil toneladas (+19,1%)
- EUA, com 9,7 mil toneladas (+43,4%).
Status sanitário
De acordo com Rua, o status sanitário da produção brasileira de carne suína tem diferencial competitivo no mercado internacional. É que colabora para o suprimento em mercados cujas ofertas internas continuam afetadas pela ocorrência de surtos de peste suína africana. “Mesmo com o aumento das exportações — que contribuem para a redução dos impactos dos custos de produção — a disponibilidade de carne suína para o consumidor brasileiro segue em linha com a maior demanda verificada em nosso país neste ano de 2021”, avalia.
“Há necessidade de negociação com relação à adequação do certificado sanitário internacional. E negociações que implicam a apresentação dessas novas zonas livres de febre aftosa sem vacinação.”
Rogério Kerber
Ele explica que é um trabalho demorado. “A expectativa era de que fosse mais rápido, mas não está sendo assim. Até porque os mercados, de uma maneira geral, também tiveram dificuldade com relação ao consumo.” Além disso, houve atraso em reuniões por conta da pandemia. “Mas o setor tem a percepção clara de que não acontece de uma hora para hora.”