O principal gargalo para o Brasil se tornar um grande exportador de produtos lácteos é a falta de acordos sanitários e tarifários com outros países, disse, ontem (3), o diretor Comercial da fabricante de queijos e produtos lácteos Tirolez, Paulo Hegg, em live promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com o tema “Mercado internacional de lácteos – cenário, potencialidades e desafios para um Brasil exportador”.
“Além de termos dificuldade com a matéria-prima (leite) cara, temos pouquíssimos acordos bilaterais”, disse ele, acrescentando que, por vezes, em sua experiência de mais de 40 anos no mercado externo, ele volta e meia encontra algum nicho interessante para colocar os produtos da Tirolez.
“Encontramos um nicho interessante, mas, na hora de exportar, vemos que no país de destino há um imposto de importação muito alto”, exemplificou. “Então, perdemos de um lado e do outro, porque os governantes brasileiros não se preocuparam, nos últimos anos, em fazer acordos bilaterais, como o resto do mundo fez”, continuou. “E ficamos na lanterninha.” Assim, para Hegg, o ideal é “sensibilizar o governo brasileiro para fazer acordos comerciais, sobretudo para redução de tarifas”.
Ele comentou que, recentemente, o mercado do México foi aberto para lácteos do Brasil, mas os queijos brasileiros ainda pagam impostos de importação ali entre 20% e 40%, a depender do tipo de produto. “Levamos 20 anos para conseguir acordo sanitário com o México, mas pegamos uma alíquota de até 40%”, assinalou. “Já o queijo que entra no México vindo dos Estados Unidos tem tarifa zero.
” A solução, para o executivo, é “o governo brasileiro negociar”. “O governo brasileiro tem de chamar a contraparte do governo mexicano e tratar de negociar (a redução de tarifas). É condição sine qua non para termos sucesso na exportação de lácteos.”
Sobre a China, que também abriu recentemente seu mercado aos lácteos brasileiros, Hegg disse que a população não está familiarizada ainda com queijos e que, por isso, se trata de um mercado “com enorme potencial”, à medida que a familiaridade com o produto se aprofunde. “Entretanto, acho que justamente por isso há exigências, por parte dos chineses, que podem ser excessivas, justamente porque eles não conhecem os produtos.”
Em algumas províncias, essas exigências se acentuam, também por falta de conhecimento e receio do importador. “Mas aí também deve haver um trabalho interno na China, de esclarecer que se o produto cumpre as exigências da autoridade nacional ele é seguro.” De todo modo, Hegg diz que a Tirolez atua no mercado chinês, mesmo com essas dificuldades burocráticas.
Fonte: Broadcast Agro