Os protestos de fazendeiros na Europa já são uma realidade há algum tempo, mas agora as manifestações chegaram à Ásia também, pois dezenas de milhares de produtores indianos decidiram protestar para que o governo tome certas medidas que eles consideram que serão benéficas para o agronegócio. Este (16) já é o quarto dia de protestos e, mesmo com a polícia fazendo uso de gás lacrimogênio para impedir a entrada dos manifestantes na capital do país, Nova Dheli, os fazendeiros seguem se manifestando, firmes em seus objetivos.
O que os produtores indianos querem?
Os protestos na Índia não são uma novidade, mas uma renovação de um movimento ocorrido em 2021, quando também dezenas de milhares de produtores acamparam ao redor de Nova Delhi, daquela vez por mais de um ano, ainda que tenham tido de suportar o inverno e a então pandemia de Covid-19. À época, os produtores conseguiram forçar o governo a voltar atrás em uma série de medidas que eles consideravam prejudiciais à produção agrícola. Ocorre, porém, que os manifestantes afirmam que muitas de suas exigências não foram atendidas, como a garantia de preços das colheitas, a duplicação do rendimento dos agricultores e a isenção de empréstimos.
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O principal foco dos protestos, contudo, é a garantia de preços mínimos para compra das colheitas. Desde os anos 1960, o governo adotou uma política que garante um preço mínimo de compra para certas culturas consideradas essenciais, no intuito de garantir a segurança alimentar indiana. Ocorre, porém, que, agora, os produtores exigem que isso se estenda a toda a produção agrícola do país, e não apenas àquilo que é considerado essencial.
Onda global de protestos de fazendeiros?
A Índia se junta, portanto, a países como Polônia, Alemanha, França, Portugal, Itália, Bélgica e Romênia, que recentemente passaram – ou ainda estão passando – por intensos protestos organizados por produtores rurais insatisfeitos para com as políticas governamentais que regem o agronegócio em seus países. E aqui no Brasil, ainda na semana passada, também o presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Rodrigo Sousa Costa, disse, em vídeo, que o Rio Grande do Sul pode, em breve, seguir o mesmo caminho da Europa em função dos decretos do governador Eduardo Leite (PSDB/RS) que devem aumentar a carga tributária sobre o agro no estado, encarecendo a produção alimentícia, a partir do dia 1º de abril. Tais decretos foram uma reação do governo estadual à recusa, por parte da Assembleia Legislativa, ao aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) proposto por Leite no ano passado.