Durante o painel Exportação de arroz: futuro x necessidade, realizado na 33ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, os convidados convergiram suas opiniões a respeito da necessidade do arrozeiro brasileiro dedicar-se ao mercado internacional.
Mesmo com a possibilidade de enfrentamento de crises decorrentes da flutuação do dólar, Juandres Antunes e José Maria Gomez só apresentaram números favoráveis à opção.
Antunes, do Grupo Moraes, de Jaguarão/RS, iniciou sua participação parabenizando os arrozeiros, “que exportaram a sua cota e fizeram a diferença para a rentabilidade do setor”.
Ele destacou as relações comerciais com o México, responsáveis pela exportação de 48% total de arroz base casca enviado para fora do Brasil. “Esta abertura fez diferença para nosso mercado”, salientou.
Contudo, o painelista fez questão de chamar a atenção dos produtores.
Também qualidade
“Nosso arroz não é só preço. É qualidade. Tem alto valor agregado. Vamos falar das coisas positivas”, destacou.
Antunes ainda disse que os arrozeiros são altamente sustentáveis e que é preciso bater nesta tecla.
Ele finalizou sua fala dizendo que quanto mais se exportar, maior será o estoque de passagem para 2024.
“Exportar é preciso. Duas Safras é preciso. Rotatividade é preciso”, concluiu.
Na mesma linha, o uruguaio Jose Maria Gomez, da Trader Viterra, abriu sua fala no painel questionando aos presentes:
“É possível mudar a cultura para que o produtor não fique só olhando o mercado interno e ver que há algo fora da fronteira que é a exportação?”.
Na sequência, apresentou dados sobre a área plantada.
“Sempre ouvi que sumiu o arroz e todos foram para a soja, Só que em 23 anos, a área plantada no Brasil caiu pela metade e a produção não”, argumentou.
Evolução total
Gomez considera que o arrozeiro evoluiu ao longo deste tempo, que a genética e as variedades do arroz melhoraram, assim como o jeito de trabalhar.
“As áreas ineficientes saíram do negócio e quem ficou é mais eficiente em fazer o serviço”, explicou.
O especialista iniciou nova provocação à plateia ao dizer que cabe ao produtor tirar da cabeça o que chamou de “cota de sacrifício”, porque exportar melhora do preço do arroz base casca.
“No segundo semestre, a demanda vai bater na porta e quero saber quem vai abrir. Eu gostaria que a porta fosse aberta no Brasil”, afirmou, em tom de desafio.
Negócio com liquidez
Ao garantir que o produtor que planta arroz é quem alimenta o Brasil, mas tem condições de alimentar o mundo, Jose Maria Gomez salientou que o negócio arrozeiro no país tem liquidez.
“A oferta excede a demanda e esta é a oportunidade que os arrozeiros têm”, garantiu.
Contudo, apresentou pontos em que é preciso ainda melhorar, como questões que envolvem a logística e a necessidade de entender a qualidade do mercado de destino.
Como ameaças ao negócio, Gomez listou a volatilidade cambial e intervenção estatal.
“Não podemos controlar a volatilidade cambial, mas podemos tomar ações proativas para estar no mercado, independente de que possamos sofrer em algum momento”, aconselhou.
A 33º Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas é uma realização da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), com a correalização da Embrapa e Senar/RS e patrocínio Premium do Ministério da Agricultura e Pecuária e do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Fonte: Federarroz