A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul abriu o balanço de 2023 e perspectivas para 2024 citando a última ata do Banco Central do Brasil que traz o termo “incerteza” 12 vezes, o recorde na gestão de Roberto Campos Neto.
Conforme os dados apresentados, o cenário mundial para 2024 não é promissor. Além disso, internamente, a federação acredita que os números do governo federal estão subestimados para as despesas e superestimados para as receitas e isso pode mexer com a economia.
Já a taxa de juros deve cair nos próximos meses “estacionando” em 9,5% ao longo de 2024. Essa informação pode ser positiva para os investimentos no setor agropecuário. Mas o efeito ainda demora um pouco para aparecer. “Leva de três a quatro trimestres para fazer o efeito, mas vai ajudar a retomar o crédito mais barato”, afirma o economista-chefe da Fiergs, Giovani Baggio.
Ainda conforme Baggio, o preços dos produtos agropecuários estavam nas alturas em 2021/2022. Em 2023 houve uma redução nos preços e isso impactou a produção de máquinas. Em contrapartida, o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, destacou que o ânimo do produtor, independentemente da taxa de juros, tem a ver com o resultado da safra. “Se a safra é boa, eles gastam, trocam caminhonetes, máquinas e fazem investimentos. Se a safra não é boa, eles não compram nada. Não tem um meio termo.”
Expectativas
Para 2024, após enfrentar dois anos de estiagem, os prognósticos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam aumento de 39,4% na safra de grãos para o Rio Grande do Sul em comparação a 2023. Isso influencia na produção como um todo, pois os ciclos econômicos no RS estão intimamente vinculados à produção agrícola, dada a sua interconexão com vários segmentos industriais e de serviços.
A expectativa de taxa de crescimento de 4,7% do PIB gaúcho para o próximo ano leva em conta uma forte elevação da Agropecuária (37,1%), avanço na Indústria (1,8%) e nos Serviços (1,5%). Mesmo com esse resultado, a alta resulta em um PIB apenas 1,8% acima do nível de 2021, o equivalente a crescer a uma média de 0,6% no período de três anos. No caso da Indústria gaúcha, fazendo a mesma comparação, o setor deve chegar ao final de 2024 ainda 1% abaixo do PIB industrial de 2021, o que equivale a cair em média 0,3% ao ano no triênio.
Para o Brasil, o incremento de apenas 1,5% projetado em 2024 deverá sofrer influência da queda de safra de grãos nacional prevista, pela desaceleração do mercado de trabalho, que provocará impacto no setor de Serviços, e pelos juros ainda elevados e um cenário internacional adverso, que provocarão desafios para a Indústria.
Confira o estudo completo sobre a análise econômica realizado pela Fiergs para 2024 clicando aqui.