A Indigo, empresa americana de tecnologia que desenvolve produtos biológicos e soluções de financiamento no Brasil, anunciou a certificação de 20 mil créditos de carbono. Segundo os envolvidos, esse é o maior volume de créditos gerados na agricultura de uma só vez até hoje.
Os créditos foram gerados via programa Carbon By Indigo, com certificação da Reserva de Ação Climática (CAR, na sigla em inglês), principal registradora de compensação de carbono dos Estados Unidos. Cada unidade de crédito equivale a uma tonelada de CO2 que deixou de ser emitida ou que foi sequestrada por meio de práticas agrícolas regenerativas.
Ron Hovsepian, CEO da companhia, afirma que a operação é histórica para o setor. “Pela primeira vez, conseguimos medir e verificar, em uma escala comercial sem precedentes, os esforços de remoção de carbono dos agricultores”, disse. A redução deu-se em 175 fazendas dos EUA, que integram o programa Carbon By Indigo desde 2019 e têm, somadas, 40,5 mil hectares. A meta é dobrar o número de créditos emitidos em uma segunda rodada, programada para o início do ano que vem.
A empresa diz que cada agricultor recebeu pelo menos 75% da receita gerada com os créditos — avaliados à época da negociação em US$ 20 por unidade, em média. A expectativa é de que os pagamentos pela segunda safra de créditos sejam maiores. A companhia anunciou que garantiu compromissos de compra a US$ 40 por crédito. “Os preços comprometidos pelos compradores já aumentaram 100% desde o lançamento do programa, assim como a taxa mínima de pagamento garantida aos agricultores”, disse Chris Harbourt, diretor global de estratégia.
Os créditos serão usados por 17 empresas globais, entre elas Boston Consulting Group (BCG), Shopify, The North Face e New Belgium Brewing Fat Tire, para cumprir com seus compromissos de compra de créditos de carbono. “A crescente precificação de créditos de carbono reflete a demanda do mercado, que continuou a crescer em reconhecimento da agricultura como uma solução climática baseada na natureza”, frisou.
Hoje, a agricultura responde por menos de 1% dos créditos voluntários de carbono, o que atesta que o potencial no segmento é enorme, afirma a Indigo. Segundo as projeções atuais, o mercado de créditos de carbono deve chegar a US$ 50 bilhões até 2030.
As práticas adotadas nas fazendas americanas que participaram do projeto incluem plantio direto, culturas de cobertura, rotação de culturas e adubação de solo adequada. As técnicas são conhecidas do produtor brasileiro, mas o programa Carbon by Indigo ainda não tem data para chegar ao Brasil, onde a empresa está presente com sua plataforma de crédito rural Ag Finance. Será preciso adaptar a iniciativa à realidade local, principalmente às leis e certificações disponíveis, diz a empresa.
Fonte: Valor Econômico