A primeira projeção de custos de produção das lavouras de milho e soja para o verão apontam níveis de elevação preocupantes. É o que revela o primeiro levantamento da safra divulgado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS). A entidade também atualizou os números relativos à cultura do trigo.
Com base nos preços de 1º de maio de 2022, a soja indica uma perda por parte do produtor na relação de troca de 32,8% em número de sacas necessárias para pagar o custo total de produção. Antes, seriam necessárias 29,1 sacas. Agora há uma necessidade de colher 38,64 sacas. Já em relação ao desembolso, o produtor precisará colher 26,81 sacas contra 18,78 na safra passada, uma elevação de 42,79%. Na avaliação da entidade, isso reduz significativamente a rentabilidade futura, apesar de os preços no mercado permanecerem aquecidos.
No caso do milho, a relação de troca sofreu impacto maior pelo fato de usar mais insumos que a soja. Com isso, o produtor vai precisar colher 117,32 sacas por hectare para cobrir o custo total de produção. Na safra anterior, seriam necessárias 75,29 sacas, um aumento de 55,83% de produção diante do atual patamar de custo. Em relação ao desembolso, o produtor sofreu impacto maior. Ele vai precisar produzir 88,63 sacas por hectare frente às 51,63 sacas na safra passada, uma elevação de 71,43%. O custo do milho registrou uma elevação de 53,88% nos últimos 12 meses, enquanto que o preço do cereal teve redução ao produtor em 1,25% no mesmo período comparado de maio de 2021 para maio de 2022.
Forte queda de rentabilidade
Segundo a FecoAgro/RS, os novos patamares de custos, tanto no milho como na soja, indicam uma tendência forte de queda de rentabilidade nas duas culturas, reduzindo em 20,41% na soja e 50,25% no milho para próximo ciclo. Outras atenções ficam por conta da possível restrição de oferta de insumos para a próxima safra de verão, disponibilidade de crédito e as possíveis elevações das taxas de juros para crédito rural para o próximo plano safra em função do aumento seguido da taxa Selic. Essa elevação vem preocupando o setor produtivo. Caso se efetive, pode retardar ainda mais a recuperação das perdas do produtor em detrimento dos efeitos causados pela seca no Rio Grande do Sul.
Para o trigo, na segunda revisão, o levantamento apontou um aumento de custo de 51,71% nos últimos 12 meses. Com isso, o triticultor vai precisar colher 64,58 sacas por hectare para cobrir o custo total, ou seja, 24,9% a mais de produção do que na safra anterior. De outra parte, para pagar os gastos com o desembolso, o produtor precisará colher 50,12 sacas para atingir o ponto de equilíbrio. Neste caso, os preços tiveram aumento maior que nas outras culturas. Por isso a situação não é mais desfavorável ao produtor, que tem boa expectativa de mercado neste ano com aumento de área expressivo devido a esta condição.
A FecoAgro/RS conclui que o produtor vai ter que ser mais assertivo no planejamento da próxima safra devido ao cenário atual de custos elevados, qualquer queda de produtividade poderá gerar prejuízos ainda maiores aos produtores. A expectativa para a próxima safra, apesar dos elevados custos que vêm reduzindo a rentabilidade das culturas, é de uma recuperação da produção tanto na soja como na cultura do milho no Estado.
Fonte: FecoAgro/RS