Os primeiros casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade em aves silvestres (e posteriormente dois em aves de subsistência) foram registrados há quase 90 dias no Brasil. Entretanto, nenhuma ocorrência foi constatada em produção comercial, o que mantém o status internacional da produção brasileira. Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, disse que está seguro do trabalho realizado pelo setor privado e pelo governo em relação à biosseguridade, mas que “bate na madeira e reza toda a manhã” para que o problema não alcance os aviários comerciais.
Conforme Santin, a incidência de casos vem reduzindo na América Latina nos últimos dias, o que traz um pouco mais de tranquilidade, mas não permite o afrouxamento das medidas de biosseguridade. Desde que os primeiros casos foram anunciados no continente americano, a Associação Brasileira de Proteína Animal reforçou as medidas de orientação junto aos associados para deixar o Brasil fechado para o vírus, que provocou sérios prejuízos em países produtores afetados.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, tendo 35% do mercado global. A condição, conforme Santin, traz uma boa condição para o país, uma vez que caso os mercados desejem, por alguma ocorrência, suspender as importações, teriam dificuldades ou preços mais altos para adquirir o produto de outros mercados. “Na União Europeia e Estados Unidos a Influenza Aviária é quase endêmica e eles continuaram a exportar. Com o Brasil não será diferente”, projeta.
Além dos cuidados para evitar a entrada da doença em aviários comerciais, outras medidas preventivas vem sendo tomadas no Brasil, algumas pelo setor privado e outras pelo governo. No setor produtivo, tem empresas que estão reduzindo o abate, outras que deram férias coletivas e estão promovendo alterações nas plantas, tem ainda aquelas que estão reduzindo o peso do frango para o abate. Isso como medida de contingência, prevendo alguma possibilidade de ocorrência. Por outro lado, governo e entidades representativas já negociam com mercados a restrição da suspensão de exportações somente para os estados ou até mesmo os municípios que registrarem a doença.
A OMSA, Organização Mundial recomenda o isolamento de área de 10 quilômetros a partir do foco – sendo três de contenção e outros sete de vigilância. Acontece que cada mercado tem suas regras próprias, mas alguns deles já vem alterando o protocolo. Arábia Saudita, Coreia, Japão e Reino Unido já confirmaram a restrição somente do estado que tiver a doença. “Estamos tentando avançar para que seja somente o município”, afirma Santin.
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