O agronegócio é responsável por um em cada três empregos gerados no país. Entretanto, a cada ano, aumenta a carência de profissionais especializados nas atividades agropecuárias. De acordo com levantamento realizado pela Confederação dos Trabalhadores Assalariados Rurais, hoje são 3,6 milhões de pessoas empregadas formalmente no segmento. E há espaço também para novas profissões. Um estudo realizado pela Agência Alemã de Cooperação Internacional em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Senai-RS, apontou que um mercado de profissões do agro também cresce na área digital, abrindo novas oportunidades.
Essa realidade torna cada vez mais importante trabalhar com gestão de pessoas nas empresas rurais para a retenção de talentos e a capacitação dos colaboradores. A psicóloga Kátia Saraiva, autora do livro “Psicologia? Presente! A psicologia no Agro”, tem mais de 20 anos de atuação no agronegócio, atendendo empresas no Sul do país e produtores brasileiros que têm áreas no Uruguai. O que hoje é sua atividade diária, no começo precisou de muita dedicação e entendimento das diferentes realidades de quem trabalha no campo.
Kátia destaca que o empresário rural é bom em produzir, conhece bem as técnicas e manejos, mas precisa aprender a lidar da melhor forma com os colaboradores. Ela afirma que os empregadores, produtores rurais, em geral têm uma visão superficial sobre seus trabalhadores. “Não errada, mas superficial”, e que com o diagnóstico correto e uma mudança de olhar costuma gerar excelentes resultados. No livro, lançado este ano, Kátia conta sua trajetória no segmento e esclarece quais pontos foram essenciais para alcançar mudanças de cultura e uma preocupação maior com a gestão de pessoas em um meio que tem características tão distintas.
No prefácio, o sócio-proprietário do Grupo Quero Quero, Ricardo Gonçalves, revela que o trabalho realizado na gestão de pessoas contribuiu para a criação de uma nova cultura. Segundo ele, as ações implementadas por Kátia na empresa “impulsionaram o retorno dos funcionários à escola, o hábito da leitura foi estimulado e a convivência entre todos tornou-se mais saudável”.
A psicóloga explica que o trabalhador é o protagonista do agronegócio, “aquele que faz a máquina deste segmento funcionar”. Para Kátia, o produtor rural que atua com responsabilidade em relação aos seus colaboradores está, na verdade, realizando um investimento. Não se trata apenas de salário ou benefícios, mas de reconhecimento da importância desta pessoa na realidade da empresa.
Cinco dicas para melhorar a gestão de pessoas na empresa rural
- RECONHECIMENTO: elogie um trabalho/atividade na qual o colaborador tenha superado as expectativas e transforme isso num hábito;
- COMUNICAÇÃO: melhore a comunicação interna adotando um sistema de transmissão de informações de um jeito a que todos recebam de forma idêntica, ou seja, faça pequenas reuniões de equipe, pode ser de 10 minutos, para passar informações e deixar todos alinhados com o que está acontecendo na empresa;
- DESAFIOS: lance pequenos desafios diários que, ao longo de um mês signifiquem o atingimento de metas importantes para a empresa;
- MIMOS: encontre maneiras de comemorar os aniversários, vitórias conquistadas, oferecendo um dia de folga, um objeto com a logomarca da empresa, um parabéns grupal;
- ESPAÇOS DE ESCUTA: abra breves espaços individuais, demonstre interesse pela “pessoa” que o seu funcionário é.