Os seis pilares da pecuária – reprodução/genética, nutrição, sanidade, sustentabilidade e gestão e bem-estar animal – ganham cada vez mais importância no setor produtivo de proteína animal. No último deles, o manejo nada nas mãos tem conquistado adeptos no Brasil.
Os fundamentos da técnica foram lançados pelo cowboy norte-americano Bud Williams, falecido em 2012, e pelo veterinário Tom Noffsinger, que lhe deu a base científica. O manejo “Nada nas Mãos” é uma técnica que resgata a relação de confiança entre humanos e bovinos, utilizando os instintos naturais do gado a favor do manejador. O objetivo é que os animais se sintam à vontade com a presença dos humanos.
Sem nenhum material nas mãos, o posicionamento correto em relação aos animais é o ponto de partida para a utilização da movimentação do corpo, acompanhada pelo olhar e atitude para transmitir confiança e designar comandos.
A base é o comportamento animal
Adauto Franco Filho, consultor da Biogénesis Bagó e sócio-proprietário da Precisa Consultoria, explica que a prática propicia um melhor entendimento sobre o comportamento dos animais. “Ela favorece melhorias na reprodução, na produção, no bem-estar e até mesmo no trabalho do manejador. O impacto no negócio é claro, principalmente com a melhoria da imunidade do plantel”, afirma.
Em poucas palavras, ele consegue quebrar alguns paradigmas no campo. “Estávamos acostumados a ‘tocar o gado’, mas com a técnica correta somente guiamos o animal, identificamos para ele o caminho certo a seguir e, com a confiança estabelecida e uma linguagem corporal precisa, não é necessário nenhum tipo de equipamento, como paus ou bandeiras para manejá-lo”, explica.
Segundo Filho, os bovinos são naturalmente mansos e calmos. “Entretanto, precisamos lembrar que são animais que sentem medo diante de uma pressão exacerbada, mas que também sentem contentamento quando estão seguros”, descreve.
Ele ressalta que os bovinos, quando calmos e tranquilos, desempenham melhor e produzem mais. “O manejo baseado em bem-estar melhora a qualidade do serviço na fazenda, pois indica não somente ‘o que’ é preciso ser feito, mas ‘como’. Esta é a questão a ser analisada e que faz toda a diferença na gestão no campo”, aponta.
Dicas sobre o manejo Nada nas Mãos
Adauto Franco Filho vem compartilhando algumas dicas que foram passadas para a equipe da Biogénesis Bagó, que também está se tornando multiplicadora na técnica no campo. “Fique sempre no campo de visão dos bovinos e mantenha o contato visual com o animal. Trabalhe com pressão e alívio e lembre-se: movimento leva a movimento”.
O manejo Nada nas Mãos promove uma empatia com o animal, sendo baseado nos próprios instintos naturais dos bovinos, o que exige do manejador se comunicar com o gado e os resultados já mostram que este manejo, feito com eficiência, reduz custos sanitários e melhora a rotina no curral.