De acordo com a consultoria McKinsey&Company, o Brasil pode capturar 700 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, associados à conservação e à restauração florestal. Tomando como base o preço de US$ 20 dólares por tonelada, o potencial do mercado de créditos de carbono poderia chegar a US$ 26 bilhões, o que representa mais de duas vezes a exportação de carne bovina brasileira.
Este é o tamanho da oportunidade existente para os produtores brasileiros de um mercado novo e que vem sendo formalizado no Brasil. Hoje, o Projeto de Lei n° 581/21 cria o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), para regulação da compra e venda de créditos de carbono no País, visando a desenvolver o potencial voluntário que tramita em caráter de urgência na Câmara de Deputados.
“Na Europa, o mercado de créditos de carbono superou a barreira dos 100 euros a tonelada. No Brasil e no mundo, em 2022, o valor girou entre 2 e 20 dólares a tonelada. Mercados como o europeu, americano e japonês tendem a apresentar maiores valores nominais”, informa Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Segundo o especialista, atualmente, Ongs (organizações não governamentais) têm adquirido créditos de projetos envolvendo agricultura e pecuária regenerativas, além daqueles envolvendo preservação e regeneração florestal.
“Desde 2022, o BNDES indica que haverá chamadas públicas regulares para aquisição de créditos de carbono. Na primeira chamada, selecionou cinco projetos com volume de R$ 10 milhões e, na segunda chamada, com 33 projetos, foram R$ 510 milhões de créditos ofertados. Já o volume total adquirido chegou a R$ 100 milhões, mostrando o potencial a ser explorado”, informa Giolo.
Ganhos com créditos de carbono na pecuária
Os grandes frigoríficos brasileiros investem em planos voltados à descarbonização ou redução das emissões de gases de efeito estufa. A Marfrig, por exemplo, possui o plano “Verde+”, que visa 100% da cadeia com controle de origem e livre de desmatamento até 2030. Também bonifica carcaças com o selo Carne Carbono Neutro (CCN) e possui o programa Carne Baixo Carbono (CBC).
O JBS, recentemente, assumiu o compromisso global “Net Zero 2040”. Ou seja, ter um balanço líquido zero entre emissões e remoções de gases de efeito estufa até o ano de 2040. Minerva, outro gigante da proteína animal, possui o programa “Renove” para apoiar a implementação de práticas de baixa emissão de carbono com foco no desenvolvimento de produtos certificados. “Todas estas empresas tendem a valorizar seus fornecedores em alinhamento a seus planos”, observa o pesquisador da Embrapa.
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