A próxima semana começará com especial atenção ao clima nos cafezais do Brasil. Há previsão de frio intenso nos próximos dias em importantes regiões produtoras de café arábica, a variedade mais exportada pelo país. As projeções climáticas que indicam risco de geadas “pipocaram” entre os agentes de mercado e já tiveram impacto sobre os preços internacionais nos pregões mais recentes da bolsa de Nova York.
As notícias sobre o clima têm sido um fator central de oscilação das cotações desde a última quarta-feira, quando a commodity disparou, fechando em alta de 8%. Com a realização de lucros que ocorreu nos dois dias posteriores, o grão encerrou a semana passada a US$ 2,139 por libra-peso.
Geada incomum
Agrometeorologistas dizem que o risco de formação de geada nos próximos dias é alto, mas há uma diferença importante em comparação com a de julho de 2021: a abrangência. “Deve ocorrer geada nesta semana, mas de maneira mais restrita”, resume Celso Oliveira, da Climatempo. Há previsão de temperaturas entre 0°C e 3°C — já muito baixas para o café — em vários municípios do Sul de Minas Gerais e da Mogiana paulista. Já para Triângulo e Cerrado mineiros, o frio deve se repetir, mas em menos municípios, continua o especialista. Os dias críticos serão quarta e quinta-feira.
De acordo com informações da Rural Clima, que constam em material distribuído na sexta-feira pela consultoria Safras & Mercados, a mínima prevista para esta quarta em Guaxupé (MG) é 2ºC. Já em Franca (SP), a temperatura mínima nesse dia deve ficar entre 3ºC a 4ºC. Nesses municípios estão localizadas as sedes de grandes cooperativas de café arábica, como a mineira Cooxupé e a paulista Cocapec.
Simão Lima, superintendente técnico da cooperativa mineira Expocaccer , completa: “A onda de frio que estão indicando é atípica para a época. Mas vamos aguardar. Por ora, o clima está normal”.
Se a previsão de frio moveu as negociações em Nova York na semana passada, ela contribuiu para a lentidão no mercado brasileiro. Segundo Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, na última semana, o volume negociado ficou abaixo do normal, considerando a necessidade dos compradores. “No dia da alta em Nova York, saíram mais negócios. Mas a maior parte [dos produtores] se retraiu. Eles querem esperar para ver os efeitos da frente fria”, disse.
Fonte: Valor Econômico