A preferência foi segurar a soja estocada e comercializar o cereal. Já a comercialização da safrinha está lenta
O mercado brasileiro de milho apresentou queda nos preços em março. A oferta aumentou bastante ao longo do mês pela decisão de venda do produtor, para honrar compromissos financeiros, preferindo segurar a soja. E as quedas ocorreram mesmo com uma oferta apertada e movimento interessante para exportação para entrega em abril e maio. A questão é que o produtor está mantendo estocada a soja e negocia mesmo o cereal neste momento.
Por outro lado, a comercialização está lenta da safrinha que será colhida no segundo semestre. E a expectativa é de uma colheita recorde. O consultor de Safras & Mercado Paulo Molinari, destaca que o País precisará de fortes volumes de exportação, de 35 milhões a 40 milhões de toneladas, se for confirmada essa safrinha “gigante”.
118,155 milhões de toneladas
Nova estimativa divulgada por Safras & Mercado elevou a produção de milho em 2021/22 para 118,155 milhões de toneladas. O volume supera as 91,469 milhões de toneladas colhidas de 2020/21. Conforme Molinari, houve um incremento em relação às 115,678 milhões de toneladas previstas no relatório anterior, divulgado em fevereiro. Isso ocorreu após ajustes para cima nos números da safra de verão e da perspectiva de uma produção ainda maior na safrinha.
A safra de verão 2021/22 foi revista novamente por Safras & Mercado. Deverá atingir 21,158 milhões de toneladas, superando as 20,297 milhões projetadas no relatório passado.
“Houve uma melhora nos números de safra nos estados da Região Sul. Mesmo assim, por conta das perdas ocorridas pelo fenômeno La Niña, a produção ainda ficará abaixo das 21,645 milhões de toneladas colhidas na primeira safra 2020/21”.
Paulo Molinari, de Safras & Mercado
Molinari afirma que a safrinha 2021/22 está sendo prevista em 84,578 milhões de toneladas. Superaria, portanto, as 57,852 milhões colhidas na temporada anterior. E também as 83,341 milhões de toneladas indicadas no relatório de fevereiro.
“Merece destaque a perspectiva de uma grande colheita de milho segunda no Mato Grosso, que deve ficar próxima a 37 milhões de toneladas”.
Paulo Molinari, de Safras & Mercado
Um aspecto que pode ser de suporte ao mercado brasileiro, e global, é uma quebra na safra americana, ainda mais depois que o USDA, no relatório de intenção de plantio de 31 de março, colocou uma área abaixo da expectativa. Problemas climáticos para a safra americana poderão ter um resultado explosivo nos preços.
Os Estados Unidos deverão cultivar 89,490 milhões de acres na safra 2022, queda de 4% frente aos 93,357 milhões na temporada anterior, conforme o USDA. O mercado trabalhava com uma área de 91,995 milhões de acres. Na comparação com o ano passado, a expectativa é de que área fique inalterada ou menor em 43 dos 48 estados consultados.
“Para o milho subir no segundo semestre, precisamos de três fatores: o câmbio para puxar preços nos portos, uma super quebra de safrinha e problema na safra americana”.
Paulo Molinari, no 3º Safras Agri Week
Safra americana
Com uma safra americana normal e safrinha dentro do normal, o segundo semestre é de pressão, sempre dependendo da importante decisão de venda do produtor. “Mas, se tivermos uma quebra da safra americana, por exemplo, os preços podem explodir”, alertou Molinari no evento.
No mercado disponível ao produtor, o preço do milho em Campinas/CIF caiu na base de venda em março de R$ 101,00 a saca para R$ 98,00, recuo de 3%. Na região Mogiana paulista, o cereal caiu no comparativo de R$ 97 para R$ 88, baixa de 9,3%.
Preços em diferentes praças
Em Cascavel/PR, no comparativo mensal de março, o preço caiu de R$ 98 para R$ 90, declínio de 8,2%. Em Rondonópolis/MT, a cotação se manteve estável no comparativo em R$ 85. Já em Erechim/RS, também estabilidade, com preço ficando em R$ 97. Em Uberlândia/MG, o preço na venda em março caiu de R$ 92 para R$ 90a saca, -2,2%. E em Rio Verde/GO, na venda baixou de R$ 93 para R$ 87, -6,4%. (Texto original de Safras & Mercado).