Felipe Queiroz mantém sociedade na Fazenda Rio Vermelho, em Rio Verde do Jaborandi, no Oeste da Bahia. Lá, emprega recursos tecnológicos avançados (hi-tech) para produção de pastagens para 1,8 mil cabeças de Nelore puro e cruzados com Angus e Devon.
Drone
O empresário tem no drone uma das ferramentas aliadas no monitoramento das lavouras de capim. Agora, a propriedade contratou uma consultoria.
A empresa vai realizar o mesmo monitoramento via satélite, a cada cinco dias. Depois, as informações vão diretamente para o celular dele e dos sócios.
Por ter sido implantada este ano, a ferramenta ainda passa por calibragem. Mas já tem precisão de 95%. Em breve, os dados de monitoramento terão 100% de certeza.
Ineditismo
A tecnologia, inédita no Brasil, monitora pasto em quantidade e qualidade. Ela funciona da seguinte maneira: um espectro de onda via satélite processa e transforma a informação em quilo de matéria seca consumida, mede proteína, energia e fibras.
“A foto é só um elemento visual, ela exemplifica. Com este sistema, tudo é colhido, processado e mandado para o celular do criador.”
Entretanto, a tomada de decisões ocorre a cada 15 dias, por meio de reunião remota. “Entre nossa equipe e a da fazenda”, explica André Sorio. Ele é o consultor que trouxe a tecnologia para o Brasil e que atende a Rio Vermelho.
Qualidade do pasto
Com a nova tecnologia, Felipe Queiroz diz que o objetivo é ganhar tempo e ter mais precisão na qualidade do pasto. O quanto de capim tem por hectare, fibra de detergente neutro (medida de qualidade), massa e proteína da pastagem. Além disso, é possível verificar a quantidade de água a 5 centímetros de profundidade do solo.
Como nas propriedades têm a peculiaridade de chover em um ponto e em outros não, os piquetes são monitorados um a um. Com isto, o criador pode fazer o manejo do gado e aproveitar melhor a área de pastagem.
“O gado não gosta da fibra alta; ele quer a baixa. Quando verificamos algum erro de manejo ou dependendo da época, já mudamos a dieta.”
Felipe Queiroz
Mas com tanta informação, o que o produtor consegue planejar na fazenda? Menos tempo de peões no campo. Além disso, o quanto há de pasto no pré e pós-pastejo e possibilidade de melhor plano de pastoreio.
Tempo e lotação
Como a área de pasto é dividida em módulos, é possível acompanhar cada um e estabelecer tempo de troca e lotação. Na Rio Vermelho, a Unidade Animal por Hectare (UAH) é de 1,5, mas com o uso da tecnologia é possível passar, por exemplo, para 2 UAH, se assim quiserem os criadores. “Digamos que o Felipe queira três animais por hectare e cada um está ganhando 750g por dia. Isto mostra que o pasto está atendendo”, explica Sorio.
Com a tecnificação via satélite operando com 100% de precisão, Felipe Queiroz calcula que a propriedade vai ter duas frentes de economia e aumento de eficiência com as informações proporcionadas pelo monitoramento. Usando melhor o pasto será possível aumentar a quantidade de gado entre 15% e 20%.
Com o acompanhamento semanal, ele também acredita ser possível fornecer suplementação ao gado somente quando realmente for necessário e, claro, na quantidade e qualidade exatas. Além da Rio Vermelho, apenas outras 13 utilizam esta inovação no Brasil. São quatro de cria, dez de cria e engorda, sendo ainda duas delas com Integração Lavoura-Pecuária (ILP).
Reportagem de Eliane Ferreira
Fotos: Arquivos pessoais