A maior prova de pesquisa e desempenho de animais feita por uma associação no Brasil já teve início. Ao todo, participarão 600 bezerros, de 20 criadores associados à Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso (ACNMT). Os exemplares iniciaram o experimento com cerca de 7 arrobas de peso vivo. Eles deverão ficar prontos para abate em aproximadamente 11 meses, com 20 arrobas.
Etapas
O presidente da ACNMT, Aldo Rezende Telles, explica que a prova tem três etapas. A primeira delas, já iniciada no mês de setembro, gera maior expectativa e consiste no “sequestro” (ou resgate) de bezerros. Serve para avaliar a influência de dois níveis de ganho de peso na fase de “sequestro” associados à suplementação com sal aditivado e suplementação concentrada.
“Inicialmente, na fase de sequestro, os animais ficarão confinados até que os pastos da fazenda se recuperem e ofereçam matéria verde para finalizar a recria a pasto (início das chuvas).”
Aldo Rezende Telles
Em seguida, começará a segunda etapa, que dura 6 meses. “Posteriormente, na terceira etapa, começaremos a engorda intensiva a pasto entre 100 a 120 dias.”
Efeitos
Os pesquisadores vão avaliar os efeitos de diferentes taxas de ganhos em peso no “resgate” e “pós-resgate” na terminação dos animais Nelore. A explicação é da coordenadora do Núcleo de Estudos em Pecuária Intensiva (NEPI) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professora Dra Kamila Andreatta.

“Nesse período de quase um ano, vamos aferir alguns itens, como desempenho nutricional, produtivo e econômico. Além das características de carcaça e qualidade de carne dos animais. Queremos verificar o uso da técnica, além de comparar os resultados a partir dos tipos diferentes de suplementação utilizados no antes e pós-resgate”, diz.
Experimentos
Esse é o terceiro experimento realizado pela ACNMT em parceria da UFMT de Sinop. Desta vez, dará origem à tese de doutorado da aluna Jarliane do Nascimento Sousa.
“Temos poucos resultados de pesquisas com este tipo de técnica de recria intensiva. Portanto, gerar conhecimento científico em si já será importante. Contribuirá com os criadores, nas tomadas de decisão, e também serve como substrato para o conhecimento dos profissionais que atuam na pecuária de corte”, afirma a coordenadora.
Francisco Manzi, diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), conta que os animais serão avaliados desde a desmama, peso que muitos produtores já conseguem, para alcançar condições de abate em um curto prazo. “Queremos mostrar que é tecnicamente possível e economicamente viável para o produtor.”