A enchente de maio no Rio Grande do Sul atingiu em cheio o segmento da apicultura.
A avaliação é de que milhões de abelhas morreram em milhares de enxames foram perdidos.
A estimativa da Federação Apícola do Rio Grande do Sul é que de 17 a 18 mil colmeias foram levadas pela água, e de que outras 40 mil colmeias foram perdidas pela fome das abelhas em razão falta de assistência dos apicultores.
“O pessoal não teve condições de ir tratar o inseto”, revelou o presidente da entidade, David Vicenzo, ao programa A Granja na TV, veiculado pela Ulbra TV na terça-feira, 10.
E, conforme o dirigente, as perdas do segmento são anteriores à enchente de maio, mas sim pelas chuvas fortes de setembro de 2023 e às últimas estiagens que atingiram o estado.
“Tivemos prejuízos muito grandes pela queda de produção”, contou.
As chuvas fortes comprometem a produção de mel “porque a chuva lava a flor e não tem mais condições de ter nem pólen e nem néctar”, explicou.
“É muito grande isso (as perdas). E a recuperação é muito demorada, muito lenta”, avaliou.
“É um trabalho muito grande e um trabalho demorado”, descreveu.
Polinização prejudicada
Mais do que a produção de mel atingida, outro grande prejuízo à agricultura é a polinização comprometida pela falta de abelhas.
Além das abelhas que geram o mel, Vicenzo mencionou a morte dos meliponídeos, abelhinhas sem ferrão que são nativas.
“Essas contribuem muito também na polinização, mas atingem um raio muito menor de polinização. Também são muitas perdas incalculáveis porque estas abelhinhas nativas estavam mais em beiras de rios, na mata nativa. E isso foi tudo também (devastado pela enchente)”.
Afinal, por exemplos, cultivos como a soja tem a produtividade aumentada em 15% a 18% pela polinização, e a canola de 20% a 25%.
Além de trigo, centeio, aveia e as árvores frutíferas.
Vicenzo mencionou recente visita a um pomar de maçã que necessita de 6 mil colmeias por um período de 30 dias para promoverem a polinização das plantas.
“É um insumo agrícola”, definiu.
Reposição
“Precisamos repor estas colmeias para o estado do Rio Grande do Sul. Temos que reerguer a apicultura no estado do Rio Grande do Sul. E precisamos de colmeias”, destacou.
“Precisamos repor estas abelhas. Só que precisamos de apicultores e o nosso trabalho é em cima da agricultura familiar, precisamos repor gente jovem”, reiterou.
“Perdemos 40 mil toneladas de mel por ano por falta de apicultores, por falta de abelhas. Porque a abelha requer muito trabalho. É um trabalho perigoso e pesado. Mas tendo EPI não há problema nenhum, não há qualquer consequência”, complementou.
“E o mel do Rio Grande do Sul, quero deixar bem claro, é o melhor mel do mundo. É multifloral, tem uma mata nativa muito abundante e muito boa, livre de pesticidas, ou, melhor, defensivos agrícolas, porque o inseticida é um defensivo agrícola, porque não há produção sem defensivo agrícola”.
Apoio
Vicenzo relatou ainda amplos apoios para a reconstrução do segmento.
Como a doação de açúcar VHP (açúcar bruto) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Federação da Agricultura do RS (Farsul), além de empresas açucareiras de MG, que doaram 45 toneladas de açúcar VHP, distribuídas para associações a apicultores que ainda tinham colmeias que precisavam para alimentar as abelhas.
Já a Bunge fez a doação de farelo de soja, que é moído com o açúcar, um apoio via CNA e Grupo Abelha.
A empresa Dreyer, do Paraná, cedeu caixas de abelhas que foram repassadas aos apicultores.
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Também foi resgatado o parque apícola de Taquari, município de uma das regiões mais atingidas pela catástrofe, para produção de cúpulas e princesas.
Instituições como a Emater-RS/Ascar, que possui uma ampla rede de extensão de atendimento no estado, assim como o Senar e os sindicatos rurais de cada município, também têm oferecido uma colaboração fundamental.
Veja a entrevista completa no link abaixo. Assim como mais informações sobre o agro no programa A Granja na TV, da Ulbra TV, edição de segunda-feira, dia 10 de setembro (Canal 48.1 TV Digital e 521 da NET Porto Alegre)