A edição de janeiro da revista A Granja, comemorativa aos 77 anos de circulação, apresenta o Brasil como referência agroambiental. Em um trabalho conjunto entre o campo e a ciência, foram desenvolvidas, ao longo de décadas, práticas e tecnologias que não apenas favorecem o meio ambiente, mas que comprovadamente resultam em aumento da rentabilidade da atividade rural.
Respeito à natureza
É o país das boas notícias, onde os protagonistas são os produtores responsáveis, que trabalham a terra com respeito à natureza. Eles representam a maioria dos homens e das mulheres que se dedicam à produção de alimentos, fibras e energia.
A reportagem elegeu oito exemplos que evidenciam a aptidão do Brasil em práticas conservacionistas:
- sistema plantio direto (SPD);
- integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF);
- controle biológico;
- fixação biológica de nitrogênio (FBN);
- bioenergia;
- logística reversa de embalagens de defensivos;
- Código Florestal;
- certificações.
Plantio Direto
O sistema plantio direto é considerado uma verdadeira revolução da nossa agricultura. Neste ano, completa cinco décadas de implantação.
Hoje são 36 milhões de hectares cultivados com a técnica, e a meta é alcançar 48,5 milhões de hectares até 2030, segundo a Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto (Febrapdp). “Quando bem conduzido, o SPD é auxiliar no controle da erosão e no aumento da biodiversidade. Aperfeiçoa o potencial produtivo do meio ambiente explorado preservando os recursos naturais, reduzindo os custos de produção e, consequentemente, aumentando a rentabilidade no campo”, destaca o produtor Jônadan Ma, presidente da Febrapdp.
ILFP
Tecnologia mais recente, a ILPF vem transformando paisagens e realidades em todas as regiões do País. Na safra 2020/2021, foram 17,4 milhões de hectares estimados com a prática pela Rede ILPF. Do total, 83% estão configurados como ILP, ou seja, integração lavoura-pecuária. Os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás lideram a adoção dos sistemas.
A expectativa é de que o País possa chegar a 2030 com 35 milhões de hectares de integração. O objetivo é diversificar os sistemas e aumentar a representatividade do componente florestal nas áreas produtivas.
“Assim, a ILPF irá colaborar para o alcance das metas apresentadas pelo Brasil em sua Contribuição Nacionalmente Determinada ao Acordo de Paris durante a COP21, em Paris, e reforçadas pelo Programa ABC+ do Ministério da Agricultura e os compromissos assumidos na COP26, em Glasgow, em 2021.”
Renato Rodrigues, presidente do Conselho Gestor da Rede ILPF e pesquisador da Embrapa Solos
Fixação biológica de nitrogênio
Segundo ela, além da importância do ponto de vista ambiental, é uma tecnologia sustentável economicamente, porque o produtor terá redução de custos. “Já a sustentabilidade ambiental e econômica resulta em sustentabilidade social, uma vez que o produtor terá mais lucro e ficará menos exposto a produtos químicos.”
O Brasil é líder na aplicação de FBN, um trabalho conjunto entre pesquisa, transferência de tecnologia, indústria e agricultores. A estimativa é que a prática da inoculação seja adotada em cerca de 80% da área cultivada com soja, segundo a Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII).
Outros destaques da reportagem especial são:
– O avanço do mercado de produtos biológicos no País. Em 2020, o faturamento do setor cresceu 75%, chegando a R$ 1,179 bilhão;
– As fontes renováveis representam em torno de 48% da matriz energética brasileira, sendo que a biomassa da cana-de-açúcar responde por 19% do total;
– A liderança do Brasil na logística reversa de embalagens de defensivos. Por meio do Sistema Campo Limpo, coordenado pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), o País recolhe 94% das embalagens comercializadas;
– O Código Florestal é ferramenta de harmonia entre a produção e o meio ambiente, já que determina que todo imóvel rural deve manter uma área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal;
– O Brasil responde por 85% da produção de soja certificada pela RTRS (Associação de Soja Responsável) no mundo. O País também é destaque na certificação do algodão, por meio do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR).