Coluna Agricultura 4.0 escrita pela Professora, doutora em fitopatologia e diretora da Fatec Shunji Nishimura, Marisa Faulin.
As pesquisas possuem papel importante e fundamental em todas as áreas de conhecimento. Os pesquisadores buscam estudar e desenvolver metodologias, técnicas e tecnologias como, por exemplo, identificar e solucionar problemas, bem como testar hipóteses que estão à frente do tempo, ou seja, que ainda estão longe do nosso dia a dia. É preciso entender que nem todos os resultados das pesquisas são incorporados nas atividades da cadeia produtiva, porém as pesquisas são extremamente importantes para o desenvolvimento de uma nação próspera.
Para ilustrar um pouco como funciona o caminho da pesquisa, é preciso dizer que as hipóteses estudadas podem ser confirmadas/comprovadas ou refutadas. Entretanto, em todas as situações, os resultados são importantes, pois geram conhecimento sobre o tema e direcionam novas pesquisas. Assim, é possível perceber que o caminho percorrido desde o início de uma pesquisa até o uso aplicado desse conhecimento é longo.
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Por isso, quando nos aprofundamos em vários assuntos, observamos que os estudos sobre determinado tema foram iniciados há várias décadas. Exemplos não faltam; como é o caso do uso de sensores e de imagens na agricultura – hoje, esse é um assunto corriqueiro, mas as pesquisas sobre o tema acontecem desde 1920 e, desde 1960, ele já era utilizado para a verificação de doença em cultivos florestais.
Como mais um exemplo envolvendo doenças pode-se citar todo o conhecimento das pesquisas da área de bioquímica e fisiologia do parasitismo. De maneira bastante simplista, nada mais é do que quais os mecanismos que o patógeno usa para crescer e se desenvolver na planta e quais são os mecanismos de defesa desse vegetal. Seria como uma guerra onde um ataca e o outro se defende, cada um com as armas que tem. Porém, por mais que o conhecimento gerado nessa área seja grande, como diz o Prof. Dr. Sérgio Florentino Pascholati em suas aulas, todo o conhecimento adquirido há décadas, tanto no Brasil como no mundo, é apenas um pedaço do todo, é como um tijolo numa parede; ainda há muito a ser descoberto.
“Em 2022, ocupávamos a 13ª posição no ranking internacional em produção científica; e isso é motivo de orgulho para todos nós!“
Outra área de conhecimento que gera resultados para o controle de doenças é o uso de energia nuclear na agricultura. Uma forma de controle físico capaz de causar a morte de invertebrados, fungos e bactérias presentes na superfície das folhas, além de aumentar a concentração de compostos relacionados à defesa contra doenças. A radiação também é utilizada para a conservação dos alimentos e consiste em expor os alimentos à determinada radiação, conforme normas e protocolos de segurança bem definidos. Outros usos da radiação na agricultura são nas áreas de nutrição de plantas, fertilidade do solo, manejo e conservação do solo e da água. Também existe o uso em nutrição e em reprodução de animais.
Um equipamento muito utilizado na área da saúde que vem ganhando espaço na agricultura é o tomógrafo. Os estudos com esse equipamento, na agricultura, nem são tão recentes assim e acontecem desde a década de 1980. Grupos de pesquisa, no Brasil e no exterior, dedicaram-se ao desenvolvimento de equipamentos de tomografia computadorizada customizados à aplicação agrícola, para investigação na ciência do solo, fisiologia das plantas, entre outras. Na área da ciência do solo, houve um avanço em relação aos estudos da infiltração de água no solo e medidas de propriedades, como densidade, umidade e porosidade. Também houve estudos para a caracterização dos solos, avaliação de processos relacionados à irrigação e à germinação de sementes.
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Entretanto, outras técnicas também estão presentes nos estudos de pesquisas como ressonância magnética, microtomografia de raio X e o raio X. Por meio dessas técnicas, é possível observar e analisar os danos mecânicos, bem como os danos causados por pragas e suas consequências na germinação e na morte de sementes. Mas é importante também entendermos que as pesquisas nos mostram, inclusive, qual técnica é melhor para qual espécie de semente analisada, ou seja, nem sempre uma determinada técnica será a melhor opção para milho, soja, algodão, dentre outras. Dependendo da espécie em análise, haverá uma técnica ou um conjunto de técnicas ideal.
Muitas metodologias, técnicas e tecnologias utilizadas hoje são resultado das mais diversas pesquisas em várias áreas, como a identificação de doenças e pragas, modo de amostragem e controle, tanto químico quanto biológico. Não podemos nos esquecer das melhorias nas máquinas e implementos agrícolas, da eficiência das operações com semeadoras, pulverizadores e colhedoras, do uso de mapas preditivos e de prescrição. Atualmente, a ciência de dados e a inteligência artificial também vêm somar com soluções mais assertivas para os produtores, além de fazer com que o conhecimento, que é de difícil acesso, chegue à grande parte dos produtores.
Como vimos, toda a ciência por trás do que utilizamos é extremamente importante e nos puxa cada vez mais para sermos competitivos. Mas não basta apenas produzirmos ciência; precisamos fazer com que os resultados sejam incorporados mais vezes ao nosso dia a dia e de forma mais rápida. De maneira geral, atualmente, o número de empresas que busca uma proximidade com as universidades tem crescido; isso produzirá agilidade na aplicação dos resultados das pesquisas em seus produtos.
Em 2022, ocupávamos a 13ª posição no ranking internacional em produção científica; e isso é motivo de orgulho para todos nós! Resultados como esse deveriam ser mais divulgados para que todos entendessem o importante e necessário papel da pesquisa e, assim, termos novos pesquisadores que ajudarão a impulsionar o Brasil cada vez mais.