Os ajustes feitos nos números de produção de algodão do Brasil acabam mexendo também com as projeções de exportação, consumo doméstico e nos estoques ao final da temporada, informa o analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach.
De acordo com o analista, o aumento na produção brasileira de algodão no atual ciclo comercial associado a um maior apetite de venda dos produtores locais e uma janela externa mais ampla, por conta da quebra na safra dos Estados Unidos, acabam potencializando embarques do Brasil em 2,42 milhões de toneladas de pluma de algodão ao longo de 2023/24 (agosto/julho), um crescimento de 67% em comparação ao volume embarcado entre agosto de 2022 e julho de 2023.
Segundo Barabach, apesar do excelente desempenho, ainda assim deve ficar abaixo da ideia preliminar de embarques em torno de 2,5 milhões de toneladas. “O volume aquém do esperado inicialmente é explicado por compras mais baixas de importantes destinos, como o Paquistão e Bangladesh. A China é o principal comprador de algodão brasileiro”, completa.
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Ele comenta que apesar da melhora, o consumo interno de algodão deve crescer pouco, repercutindo incertezas em relação a economia doméstica e uma indústria local na defensiva. “O fato é que a recomposição dos estoques por parte das fiações brasileiras segue em ritmo lento, apesar da forte queda nos preços do algodão”, aponta. E assim, os estoques ao final de julho de 2024 devem ficar em 1,29 milhão de toneladas, o que corresponde a um acréscimo de 15% em relação ao final da temporada anterior, salienta.
Já a próxima safra de algodão do Brasil é projetada em 3,36 milhões de toneladas, o que significa uma alta de 3% em comparação a temporada atual. E o seu plantio alcançava 19% da área projetada até o final de dezembro. “O incremento na produção é impulsionado pelo aumento de 11% na área semeada. Mas, o potencial produtivo é limitado, devido ao clima adverso e a expectativa de queda na produtividade média das lavouras”, conclui.
Destaque para o avanço do algodão no estado do Mato Grosso, maior produtor nacional, com a fibra devendo ocupar espaço deixado pela soja de verão, que não foi replantada por conta do tempo muito seco esse ano. O analista observa que o algodão também deve ocupar espaço do milho de 2a safra, devido ao atraso na colheita de soja e uma janela agroclimática mais apertada para o grão. “A visão financeira também pesa a favor a fibra, uma vez que a rentabilidade do algodão é maior que a do milho, nesse momento”, finaliza.
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O aumento na produção de algodão deve dar sustentação as exportações, com produtor devendo manter a agressividade na ponta vendedora. As exportações para o ano comercial 2024/25 são projetadas preliminarmente em 2,5 milhões de toneladas.
Por fim, Barabach acredita que o cenário interno também é mais positivo, com queda nos preços do algodão, juros mais baixos e recuperação da economia devendo servir de estímulo para uma maior presença da indústria local nas compras de algodão, afirma. Mas, mesmo com a demanda mais aquecida, prevalece a ideia de folga na oferta e, por conta disso, um novo incremento nos estoques. E esse sinal de tranquilidade no abastecimento deve seguir pesando negativamente contra os preços.
Fonte: Agência SAFRAS