Cultura tradicional às margens do Mar Mediterrâneo, a oliveira encontrou terreno fértil no Brasil nos últimos anos. Em um movimento liderado por produtores e acompanhado de iniciativas públicas de incentivo, a planta milenar vem transformando paisagens em estados do Sul e do Sudeste, especialmente a partir de 2005. Os destaques da produção comercial brasileira são a metade Sul do Rio Grande do Sul e a região da Serra da Mantiqueira, em São Paulo e Minas Gerais.
O Rio Grande do Sul concentra em torno de 70% da produção nacional, segundo dados do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) e da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural. A colheita da atual safra, que foi aberta oficialmente em março em uma propriedade no município de Viamão, deve render entre 10% e 20% a mais do que os 202 mil litros de azeite contabilizados no ciclo anterior.
O número será conhecido com mais exatidão quando as extratoras finalizarem o processamento, o que deve ocorrer nas próximas semanas, explica Paulo Lipp João, coordenador do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva), iniciativa do Governo gaúcho. “A safra é considerada positiva. Ainda que algumas áreas tenham sentido o efeito da estiagem, a oliveira sofre menos impactos do que outras culturas”, observa.
No Rio Grande do Sul, quase 200 produtores cultivam 6 mil hectares. Desse total, aproximadamente 3 mil hectares estão em fase produtiva, já que as árvores levam em torno de quatro anos para o início da frutificação. “O desempenho da safra deste ano pode ser creditado à entrada de novas áreas em produção, às produtividades em pomares já consolidados e ao manejo adequado e que vem sendo aprimorado a cada ano”, destaca o presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes.
Orientação ao consumidor
O Brasil é grande importador de azeite de oliva, e os produtos vindos de fora abastecem em torno de 99% do consumo. As marcas nacionais são reconhecidas pela qualidade diferenciada, inclusive com premiações em concursos internacionais. A estimativa é de que sejam cerca de 150 rótulos brasileiros, sendo que dois terços deles são fabricados na região Sudeste, onde as propriedades produtoras são menores em relação ao Rio Grande do Sul. “Um dos nossos grandes desafios é trabalhar a questão comercial, orientar o consumidor para que ele entenda que o produto nacional é de alta qualidade e diferente daquele que ele esteve acostumado a comprar até hoje”, assinala Fernandes.
Turismo nas propriedades
O desenvolvimento da cadeia olivícola veio acompanhado de iniciativas de olivoturismo, movimento consagrado em outras regiões do mundo e realizado de forma semelhante ao enoturismo. Em experiências nas propriedades, os visitantes conhecem o cultivo das oliveiras, aprendem sobre a elaboração do azeite e degustam o produto. Para fomentar a atividade, em 2019 o Governo gaúcho lançou a Rota das Oliveiras, que inclui diferentes municípios produtores. “Em 2021, em torno de 700 mil pessoas tiveram contato com o olivoturismo em empreendimentos no País. É um segmento muito promissor e que tende a crescer nos próximos anos”, ressalta Fernandes.
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