Autoridades gaúchas desarticularam dias atrás uma operação criminosa que contrabandeava grãos, sobretudo soja, da Argentina via portos clandestinos no rio Uruguai para o Rio Grande do Sul.
Entre os muitos danos causados pela ação criminosa, está o perigo da introdução de moléstias que não são típicas da agricultura brasileira.
E pelo resultado dessa consequência, a perda de mercados internacionais.
Os possíveis prejuízos do contrabando de soja foram abordados pelo diretor de Defesa Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Ricardo Felicetti, no programa A Granja na TV, da Ulbra TV, de segunda-feira, 30.
“Especificamente ao produtor o maior risco associado é justamente o ingresso de pragas. Temos pragas muito importantes na região argentina como o Amaranthus hibrydus e Amaranthus palmeri (invasoras), e isso pode ingressar através da soja contrabandeada”, alertou.
“Ainda que se alegue que esta soja vá para beneficiamento, contudo, o transporte e a movimentação podem acarretar perda de sementes ao longo do trajeto e das operações, e estas sementes podem se estabelecer e aí desenvolver plantas daninhas que são impactantes para a produção agropecuária do estado”, complementou.
Produtos irregulares
Felicetti ressalta que, além das plantas daninhas mencionadas, há muitos outros riscos.
“Existe mais de 5 mil espécies de pragas quarentenárias ausentes e, destas, 600 são de alta periculosidade já definidas pela Embrapa. E isso ao ingressar em produtos não-regularizados, em commodities que não passaram pelo processo legal de definição de sanidade, podem acarretar estes problemas ao produtor de soja”, destacou.
Mercados fechados
Além disso, mencionou o diretor, para toda a cadeia de soja há o risco de fechamento de mercados em virtude de contaminantes.
“Não sabemos que produtos foram utilizados no controle de daninhas para a produção. E estes produtos podem ser identificados como contaminantes pelos países compradores e aí acarretar em fechamento de mercados externos”, alertou.
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Alerta ao produtor
“Acreditamos que o produtor, por desconhecimento de todo este impacto que viria a acontecer, ele alça mão desses expedientes ilegais para poder ingressar com soja, movimentar bloco, movimentar nome, enfim…”, avaliou.
“Com certeza este produtor não sabe os danos que ele pode causar. Então, nós alertamos imensamente que isso não seja realizado pelos produtores”, advertiu.
“Por um lado pelos danos que podem causar à agropecuária brasileira e, aí, a todos. Isso impacta diretamente não só à produção da soja como a produção agropecuária que se fecha, impacta na geração de renda, de divisas para o país, enfim, todo um processo que vem a ser minado neste sentido”.
Crime organizado
O diretor esclareceu que o produtor que participa dessa prática, deve desconhecer que é uma ação realizada hoje pelo crime organizado.
“O crime organizado trabalha com operações logísticas aonde tiver mais facilidade. E, neste caso, o produtor está contribuindo diretamente com o crime organizado, coisa que muitas vezes ele é contrário, sabemos disso pela índole que conhecemos dos produtores rurais, e está contribuindo pelo enriquecimento ilícito de outras organizações criminosas e com os bolsões de violência ao longo do país”, ressaltou.
“Portanto, é importantíssimo que o produtor não alce mão deste tipo de prática pelos efeitos deletérios que tem na agropecuária brasileira”.
Confira a entrevista completa no link abaixo, assim como mais informações sobre o agro no programa A Granja na TV, da Ulbra TV, edição de segunda-feira, dia 30 de setembro (Canal 48.1 TV Digital e 521 da NET Porto Alegre)