Com oferta escassa e o dólar travado na casa dos R$ 5, a precificação do boi China, que chegou a R$ 360/@ na semana passada, abriu a segunda-feira com relativa estabilidade, oscilando entre R$ 340 e R$ 350/@ na praça paulista.
Segundo ele, a expectativa é de que as consequências da guerra afetem primeiramente a cotação do boi gordo nos Estados Unidos, já que a Rússia, tradicional importador de proteína bovina, deve interromper as compras em curto prazo. “No Brasil, a medida não interferirá tanto porque os russos vêm diminuindo as remessas há algum tempo, além de pagar muito menos pelo produto com relação ao que paga a China”, compara Travagini.
Impactos
Contudo, o criador já sente alguns impactos indiretos com a elevação dos custos de produção, como milho, soja e combustíveis. E mesmo que as remessas para a China segurem o mercado interno, já percebem a diminuição na capacidade de remuneração da indústria, balizada pelo Dólar.
Em curto prazo, as consequências do conflito deverão recair sobre as diárias dos confinamentos, principalmente dos que não adquiriram insumos com antecedência. “No primeiro giro, que já começou e entregará animais em maio e junho, o confinador não sentirá tanto o peso dos custos, mas os que iniciarem a atividade em abril devem contar com uma elevação de 3% a 4% no custo da diária”, projeta Travagini.
Preocupação
Segundo a consultora Tayná Drugowick de Andrade, da Scot Consultoria, a preocupação está no segundo giro dos confinamentos, que começam e terminam no segundo semestre. “No primeiro giro, não esperamos grande impacto porque os confinadores já estão devidamente preparados. A preocupação está no segundo giro, especialmente quanto à compra de insumos e quanto ao mercado interno e externo. Esse sim é um ponto de atenção e deve ser acompanhado de perto”, orienta ela.
Milho
Uma das grandes preocupações dos confinadores está no preço do milho, um dos principais insumos usados na engorda. Sem sinalização de cessar fogo, a tendência é de que, além da quebra de safra 2021/22 gerada pela estiagem na região Sul, se pague caro pela escassez do cereal em nível global.
“Está sendo um ano bem desafiador. Esperávamos um alívio, mas a quebra do Sul já pesou sobre a produtividade das lavouras e já está impactando nos preços. Além disso, devemos ter um déficit em relação à produção da Ucrânia, um dos cinco maiores países produtores do grão, e de trigo na Rússia, o que já gera uma disparada geral no preço das commodities, como estamos vendo”, finaliza.
Soja
Segundo publicou A Granja Total Agro (https://agranjatotalagro.com.br/ucrania-faz-com-que-precos-da-soja-disparem-no-brasil/), em fevereiro (com relação a janeiro), as cotações da soja dispararam em decorrência do conflito no Leste Europeu, da quebra na safra Sul-Americana e da demanda pela oleaginosa norte-americana. Segundo a consultoria Safras & Mercado, em Passo Fundo/RS, a saca de 60 quilos subiu de R$ 200 para R$ 209. Em Cascavel/PR, de R$ 188 para R$ 199, em Rondonópolis/MT, de R$ 179 para R$ 189, e, em Paranaguá/PR, de R$ 193 para R$ 204.
Patamares elevados seguem no milho, com a saca de 60 kg variando entre R$ 80 e R$ 100. O petróleo, por sua vez, encerrou a última sexta-feira com os contratos futuros encerrando com alta de 7% por conta do conflito internacional.