O Brasil deve colher 8,133 milhões de toneladas de trigo em 2024.
A recém-divulgada estimativa de Safras & Mercado é inferior à de 8,855 milhões de toneladas esperadas anteriormente para a temporada 2024/25 e fica 4,3% abaixo das 8,5 milhões de toneladas do ano passado.
A queda na produção é puxada pela quebra na safra do Paraná, que deve somar 2,688 milhões de toneladas, contra 3,6 milhões esperadas anteriormente, e 3,65 milhões em 2023.
A produtividade no estado deve ficar em 2.337 quilos por hectare, uma queda de 10,4% em relação ao ano anterior.
A área semeada foi de 1,15 milhão de hectares.
Alta produtividade gaúcha
O Rio Grande do Sul deve ser o principal produtor na temporada, com 4 milhões de toneladas em 1,28 milhão de hectares.
Assim, a produtividade é estimada em 3.125 quilos por hectare, 43,8% acima do ano passado, quando o estado teve uma quebra expressiva.
Terceiro ano de queda
Segundo o analista de Safras & Mercado Elcio Bento, as adversidades climáticas levarão a uma quebra de safra no Brasil pelo terceiro ano consecutivo.
Até o momento, menos de 10% das lavouras brasileiras foram colhidas, e Bento salienta que apenas após o término da colheita será possível consolidar os números.
“Com grande parte dos grãos ainda no campo, novas perdas não podem ser descartadas”, alertou.
As lavouras plantadas mais cedo (em Minas Gerais, Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul, São Paulo e parte do Paraná) enfrentaram uma severa estiagem.
Mais sobre o cereal em Clima segue favorável às lavouras gaúchas de trigo
Muitas áreas ficaram mais de 40 dias sem precipitações.
“Excluindo o Paraná, para uma análise separada, a produção nesses estados caiu 25,4%, de 1,4 milhão de toneladas para 1,045 milhão, interrompendo uma sequência de cinco aumentos na produção”, analisou.
“Em 2019, esses estados colheram apenas 548 mil toneladas. Em cinco anos, houve um salto de 155,5% na produção. A redução desta temporada exigirá que a indústria moageira dessa região importe mais trigo”.
As perdas significativas nestes estados, contudo, representam apenas 37% das estimativas para o Paraná.
“O potencial produtivo das lavouras de trigo no Paraná está sendo fortemente impactado pelas condições climáticas adversas. A área plantada já foi menor devido à perda de espaço para o milho safrinha e à forte estiagem”, ressalta.
Além disso, a falta de chuvas afetou significativamente o desenvolvimento das lavouras, principalmente no Norte, no Centro e no Oeste do estado.
“Em agosto, duas frentes de ar polar uma no final da primeira quinzena e outra no início da última semana trouxeram frio intenso e fortes geadas, atingindo as lavouras em estágios sensíveis, floração e enchimento de grãos”, explicou.
Na comparação com a expectativa inicial de produtividade, os números atualmente previstos para o Paraná representam uma quebra de 26%.
“Esta será a terceira safra consecutiva de perdas significativas no estado, com a diferença de que, nas duas safras anteriores, as perdas foram causadas por excesso de chuva, resultando em perdas qualitativas. As geadas, especialmente durante a floração e espigamento, causam perdas quantitativas”, observou.
Potencial mantido
Santa Catarina e Rio Grande do Sul ainda mantêm seu potencial produtivo inicial.
Nesses dois estados, as perdas – em especial da qualidade – na temporada anterior foram próximas a 80%.
“Na safra atual, após um leve atraso devido ao excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, as lavouras encontram condições climáticas favoráveis”, avalia Bento.
“A ocorrência de geadas entre 12 e 14 de agosto, seguida pelo aumento das temperaturas, proporcionou condições favoráveis para o desenvolvimento vegetativo das lavouras no RS, especialmente as semeadas no final da janela recomendada de plantio. As geadas da última semana de agosto não causaram danos significativos ao potencial produtivo dos estados”.
Bento destaca, no entanto, que com quase todas as lavouras catarinenses e gaúchas no campo, o risco climático ainda não pode ser descartado.
“No entanto, até o momento, apenas esses dois estados mantêm seu potencial produtivo inicial”, ressaltou.
Caso confirmada a redução na produção nacional, o total de trigo brasileiro disponível para os moinhos será de 5,672 milhões de toneladas, superior aos 4,931 milhões de toneladas do ciclo comercial anterior, quando 2,819 milhões de toneladas de trigo de baixo padrão foram exportadas.
Com uma moagem estimada em 12,560 milhões de toneladas e a necessidade de recompor estoques, a importação de trigo em grão precisará ser de pelo menos 6,5 milhões de toneladas. Na temporada interior foram 5,676 milhões de toneladas.
Fonte: Safras & Mercado