Em meio a um relevante período para a cultura do trigo, é essencial o controle de plantas daninhas em pós-emergência dessa cultura. Dessa forma, é nesse momento que se confirma a extrema importância na qualidade na dessecação visando à semeadura desse trigo. As literaturas clássicas dizem que a primeira planta a acessar os recursos possui vantagem em relação às demais.
Ou seja, deve-se proporcionar ao trigo ser semeado livre da presença de plantas daninhas para que, assim, possa acessar os recursos (água, luz e nutrientes) antes que ocorra novo fluxo de plantas daninhas. Dessa forma, ele obterá vantagens em relação às plantas daninhas que irão emergir.
As perdas de rendimento causadas pelas plantas daninhas no trigo podem ocorrer devido à competição ou à depreciação da qualidade do produto colhido. A competição acontece em função de algum recurso ser dividido entre cultura e plantas daninhas. A redução da qualidade do produto colhido ocorre quando sementes de plantas daninhas são colhidas juntamente com os grãos de trigo, com maior importância para aveia. Ela dificilmente é separada do trigo durante o processo de beneficiamento, em especial para produtores de sementes.
Fase sensível
O momento mais sensível para a competição – denominado período crítico de competição – ocorre nos períodos iniciais de desenvolvimento do trigo. Geralmente, coincide com o perfilhamento da cultura, ocasião essencial para o início da definição do potencial de rendimento. Para tanto, qualquer competição que ocorrer durante essa fase, impactará no rendimento final de grãos.
O controle químico é método mais utilizado no manejo das daninhas do cereal, em pré-semeadura (dessecação) e pós-emergência. E o momento mais indicado é nos estádios iniciais de desenvolvimento, de 2 a 4 folhas para gramíneas e de 4 e 6 para folhas largas
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia Theodoro Schneider, professor do curso de Agronomia na Universidade de Cruz Alta/RS (Unicruz)
Na região tritícola do Rio Grande do Sul, o complexo de plantas daninhas é amplo. No entanto, algumas têm maior frequência e causam maiores perdas econômicas. Dentre as gramíneas, azevém (Lolium multiflorum) e aveia preta (Avena strigosa) são as que causam maiores prejuízos ao trigo. Já para espécies de folha larga, destacam-se nabo (Raphanus sativus e R. raphanistrum) e buva (Conyza spp.). Dentre essas espécies, três apresentam resistência a herbicidas seletivos ao trigo: azevém (Inibidores da ALS e ACCase), nabo e buva (inibidores da ALS).
O controle químico constitui-se no método mais utilizado para o manejo de plantas daninhas em trigo. Para isso, dois momentos são essenciais: o controle em pré-semeadura (dessecação) e em pós-emergência da cultura. Os herbicidas devem ser escolhidos seguindo critérios rígidos, como identificação da(s) espécie(s) ocorrente(s), estádio de desenvolvimento, dose e adjuvante recomendado para cada herbicida.
Salienta-se que o momento ideal para o controle das plantas daninhas é sempre nos estádios iniciais de desenvolvimento, sendo entre 2 a 4 folhas para gramíneas e 4 e 6 para folhas largas. Ainda para os herbicidas seletivos, o trigo é mais tolerante no estádio de perfilhamento, assim devendo ser respeitado para que problemas de fitotoxicidade não venham a ocorrer. Na tabela 1, estão descritos os herbicidas registrados para a cultura do trigo, bem como o seu momento de aplicação.
Janelas reduzidas
Para o melhor sucesso do controle, além do estádio de desenvolvimento das plantas daninhas, ressalta-se que as condições ambientais devem ser respeitadas, pois, no período de inverno, normalmente as “janelas” de aplicação são reduzidas em função de baixas temperaturas, umidade do ar baixa e ocorrência de orvalho.
Visando à redução dos fluxos de plantas daninhas em meio à cultura do trigo, há alternativas que podem ser utilizadas com foco no controle em pré-emergência das plantas daninhas. Metsulfurom é uma alternativa para o controle de plantas daninhas de folhas largas. Já piroxasulfone e s-metolachlor são para o controle, principalmente, de azevém. Ressalta-se que deve ser respeitado o momento de aplicação (plante aplique), para maior eficiência e garantia de seletividade.
O uso de herbicidas pré-emergentes é fundamental para reduzir a densidade de plantas daninhas na cultura, vindo, assim, a reduzir a matocompetição e a facilitar o controle delas na pós-emergência. Vale ressaltar que piroxasulfone e S-metolachlor são herbicidas que têm ação somente em pré-emergência, não promovendo nenhum efeito em plantas já estabelecidas.
Tabela 1. Herbicidas não-seletivos e seletivos e época de aplicação recomendados
para o controle de daninhas do trigo
