“Produção de alimentos no Pampa Gaúcho, uma visão de futuro”.
Eis o tema do tradicional evento Abertura Oficial da Colheita do Arroz, cuja 35ª edição se realizará de 18 a 20 de fevereiro 2025, na sede da Embrapa Terras Baixas, em Capão do Leão/RS.
O lançamento do evento se deu na Expointer, terça-feira, e foi um dos assuntos da entrevista de Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), ao programa A Granja na TV, veiculado pela Ulbra TV, de terça-feira.
Velho justificou o tema na realidade da Metade Sul do Rio Grande do Sul, “que produz não só arroz, mas tem hoje multiculturas, que passa pela soja, milho e pecuária, pastagens”.
“Então é uma visão que a Federarroz tem de intensificar a busca por alternativas e não depender somente de uma cultura, no caso o arroz”, afirmou.
E pela diversificação de cultivos o produtor de arroz obtém melhorias econômicas e de produtividade.
Efeito da enchente
O dirigente lembra que 2024 tem sido um “ano complicado”, visto às chuvas em excesso, que causaram muitos problemas aos produtores, principalmente na Região Central do estado.
Segundo ele, a região tem como característica tem lavouras à beira de rios, e as chuvas provocaram correnteza nas propriedades e erosão em muitas áreas.
Nesses locais as pequenas propriedades e a topografia não permite plantar soja pela dificuldade de drenagem, e então há uma dependência do arroz.
Muitos produtores plantaram duas ou três vezes na mesma lavoura, e não colheram nada, contou.
E há também problemas em armazenagem, máquinas que se perderam pela enchente.
“Temos 47% dos produtores de arroz na região Central. Então, é um grande número de pessoas, e temos que atendê-los para, se possível, fazer com que se mantenham produzindo”, descreveu.
Safra 2024/25
E a projeção para a safra 2024/25 é de aumento da área do cereal em 5,4% no Rio Grande do Sul.
Mas Velho lembra que, na verdade, é uma extensão que voltará a ser cultivada, visto reduções recentes no cultivo.
E na Região Central há áreas em que nem será possível plantar nesta safra, inclusive se levará anos para a recuperação de solo pela “grave erosão”.
Mais sobre o cereal em Arroz gaúcho vai crescer 5,4% em área na safra 2024/2025
E, inclusive, a correnteza chegou a espalhar pedras nas propriedades.
“Realmente, é uma região que preocupa bastante”, avaliou.
O presidente da Federarroz menciona o apoio de entidades como Irga e Embrapa, assim como do Governo Federal, já que os agricultores precisam de linhas de financiamento de longo prazo e com juros baixos para fazer a recuperação dos solos.
“Mas, infelizmente, tem algumas propriedades que vão levar alguns anos para voltarem a produzir”, lamentou.
Problemas com o Governo Federal
Em meio à enchente, o Governo Federal anunciou a realização de leilão internacional para a aquisição de arroz, o que desagradou o segmento, que justificou não haver possibilidade de desabastecimento.
Afinal, quando ocorreu a enchente, em maio, 84% da área de arroz gaúcha já tinha sido colhida.
“Sempre defendemos que tínhamos e temos arroz para suprir o mercado interno. E este anúncio de forma precipitada por parte do Governo Federal acabou então ocasionando inclusive uma corrida dos consumidores no supermercado, a dona-de-casa acabou estocando arroz sem necessidade”, ressaltou Velho.
“E este anúncio acabou provocando um aumento dos preços não só no mercado interno, mas no Mercosul e, pasmem, até na Ásia o arroz aumentou de preço porque o Governo Federal anunciou uma compra que poderia chegar a 1 milhão de toneladas”, acrescentou.
“Então foi um verdadeiro tiro no pé, porque isso provocou várias questões e, na verdade, o que nós estávamos vivenciando naquele momento era um problema de logística em função das estradas, pontes que caíram pelos deslizamentos e até a e emissão de notas fiscais parou por duas semanas aqui no estado”.
Mas Velho lembrou que nas negociações com o Governo “se aproveitou para conversar um pouco mais a fundo sobre o setor porque são muitas coisas que influenciam no mercado do arroz, consumo, câmbio…”
“Tenho dito: “‘Nós, produtores, não colocamos preços no nosso produto’”.
Veja a entrevista completa e outras reportagens sobre a feira no link abaixo. Assim como mais informações sobre o agro no programa A Granja na TV, da Ulbra TV (Canal 48.1 TV Digital e 521 da NET Porto Alegre),