Pressionado pela baixa procura, o preço do leite captado em dezembro/21 e pago aos produtores em janeiro/22 recuou 0,6% em relação ao mês anterior. O valor do litro ficou em R$ 2,1093 na “Média Brasil” líquida do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Queda
Esse preço caiu 5,6% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado. Também é o menor desde março/21. Isso em termos reais (deflação pelo IPCA de dez/21).
Observa-se que o forte movimento de baixa (que ocorre desde setembro de 2021) não está atrelado a um excedente de oferta, o que é típico desta época do ano. Mas, sim, à fragilidade da demanda por lácteos e à perda do poder de compra do brasileiro.
Chuvas

Assim, o enfraquecimento do consumo está ditando o patamar dos preços na prateleira. O que é transmitido ao produtor no campo. Contudo, as irregularidades nas chuvas e as ondas de calor impactam a qualidade da alimentação animal.
A pesquisa do Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) mostrou que, em dezembro/21, os preços oscilaram muito, com tendência à queda. Ainda assim, na média mensal, os valores do leite UHT e do leite em pó não recuaram.
Ou seja mantiveram-se em 1,1% e 0,8% acima da média de novembro, respectivamente. Contudo, no mercado da muçarela, o cenário foi mais complicado: houve diminuição de 5,7%, na mesma comparação.
Margem
Ao mesmo tempo, os preços dos insumos continuam corroendo a margem do produtor de leite. Em dezembro, o poder de compra do pecuarista frente ao milho caiu. Isso porque houve valorização do grão no mercado interno e queda no preço do leite no campo.
Foram necessários 41,50 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do cereal, contra 38,52 litros registrados no mês anterior.
Insumos
Além disso, os preços dos principais insumos da atividade pecuária foram afetados pelo movimento de alta global das commodities. Principalmente do petróleo, que encareceu a produção, o transporte e a distribuição dos produtos.
Soma-se a esse contexto a persistente desvalorização do Real frente às moedas estrangeiras. O que encarece ainda mais a importação das matérias-primas para suplementos minerais, adubos, agroquímicos e medicamentos.
Custos
Segundo o Cepea, mesmo com o valor da matéria-prima mais baixo nos últimos meses, está complicado para os laticínios repassarem os custos de produção ao consumidor. Com dificuldade em assegurar uma boa liquidez, a tendência entre dezembro e janeiro foi de aumento dos estoques de lácteos. Também foi necessário diminuir o patamar das cotações negociadas com os canais de distribuição.