Em carta aberta publicada nessa terça-feira (17), a Câmara de Agricultura Húngara (NAK), órgão público voltado ao agronegócio na Hungria, declarou apoio aos fazendeiros alemães em seus protestos contra o corte de subsídios públicos ao diesel e a cobrança de impostos para a aquisição de novos maquinários agrícolas. A informação foi divulgada pela revista Trade Magazin – situada em Budapeste, capital da Hungria – e pelo portal de notícias Hungary Today, também da Hungria.
Críticas ao governo
A carta da NAK afirma que, “devido à irresponsabilidade do governo alemão (liderado por Olaf Scholz), os fazendeiros têm de enfrentar uma carga tributária de 900 milhões de euros (equivalente a mais de 4,8 bilhões de reais na cotação de hoje)”. E diz também que esse custo pode vir a ser ainda maior no futuro, “uma vez que a coligação governista da esquerda-liberal (ou seja, os progressistas) também pretende aumentar os impostos de carbono sobre combustíveis fósseis, fazendo com que o diesel se torne ainda mais caro para os fazendeiros, além dos já elevados preços de energia praticados hoje por lá”.
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Na sequência, a carta dispara que “a situação na Alemanha é clara: o governo não respeita as pessoas que contribuem de modo significativo para a manutenção e o suprimento alimentício do país com o seu trabalho e os seus impostos”. O texto afirma ainda que “o preço da política irresponsável será pago por todos os alemães, já que o déficit do comércio exterior da agricultura alemã pode chegar a 21 bilhões de euros (mais de 112,5 bilhões de reais), o que significará o maior déficit jamais visto”.
Apoio aos fazendeiros
Apresentadas as suas críticas às políticas de esquerda da coligação de Olaf Scholz, a carta pontua que, por conta de “o governo alemão estar destruindo um dos pilares econômicos e existenciais de seu próprio país”, que é o agronegócio, “teve início recentemente uma semana de manifestações de fazendeiros, (período no qual) a maior parte da Alemanha ficou paralisada por mais ou menos tempo”.
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Em vista disso, a carta afirma estar “de acordo com os fazendeiros alemães” e encorajá-los a “defender de modo persistente os seus interesses, uma vez que os excessos na proteção do clima (agenda climática) estão causando problemas para a comunidade agrícola que trabalha pela alimentação (das pessoas) em toda a Europa”.
Perigos da agenda climática
E, ainda sobre as manifestações e a agenda climática, a carta afirma que “as demonstrações com centenas de milhares de tratores e outros veículos estão sendo vistas por toda a Europa” e que espera que “os tomadores de decisão europeus estejam finalmente enxergando os perigos de suas medidas ambientais irracionais e de suas pressões acerca da proteção climática sobre os fazendeiros (…), o que também ameaça a comunidade agrícola de toda a União Européia, especialmente em vista de que certos políticos alemães já estão defendendo regras igualitárias sobre o diesel agrícola para toda a Europa”. E lembra ainda que “os fazendeiros dependem do preço do diesel (para a produção de alimentos), (pois) não conseguem produzir apenas com tratores elétricos”. Tendo isso em conta, “uma regulação uniforme (para toda a União Européia) ameaçaria o abastecimento alimentar (…) em todo o continente”.
A carta é assinada pelo presidente da NAK, Balázs Győrffy.