Apesar dos problemas climáticos severos da enchente e de enxurradas de maio, que prejudicaram os solos agrícolas de parte do Rio Grande do Sul, o plantio do arroz está se desenvolvendo de maneira tranquila e com boas perspectivas para o desenvolvimento das lavouras.
Esta foi a análise da safra 2024/25 do cereal feita por Flávia Tomita, diretora técnica do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), ao programa A Granja na TV de quinta-feira, 7, na Ulbra TV.
Até a quinta-feira, segundo o instituto, 73% da área gaúcha prevista para o cereal tinha sido semeada.
Segundo Flávia, a extensão significa “uma agradável surpresa”, visto que para o início da safra havia uma grande previsão de chuvas e, portanto, com janelas pequenas para a semeadura.
“Mas São Pedro nos ajudou e o estado conseguiu avançar, e hoje batemos em 73% da área semeada em todo o estado”, comemorou.
Segundo Flávia, houve problemas causados pelo clima em várias regionais do estado.
Mas os principais danos nas enchentes ocorreram na Região Central, o que tem afetado o avanço de semeadura na regional.
Inclusive com produtores ainda preparando o solo devido às condições provocadas em maio.
“Então é a regional mais atrasada. Normalmente é uma região que vem com uns atrasos de semeadura, mas neste ano especialmente por conta das enchentes”, revelou.
Mesmo assim houve um avanço considerável no local, visto que uma semana atrás o plantio estava em 26%, e atualmente atingiu 42%.
“Deu uma evoluída boa nesta última semana”, avaliou.
Ela lembrou que a maior produtividade ocorreu na safra 2020/21, com 9 mil quilos/hectare.
Depois, nas três safras seguintes o clima comprometeu a performance das lavouras.
Mais sobre a safra gaúcha em Orizicultores gaúchos já plantaram três quartos da área prevista
“A gente teve três safras com bastante estiagem, que interferiu na produtividade. Ainda assim não podemos chamar de baixas produtividades, todas acima de 8 mil quilos. E na última tivemos 8.300 kg/ha”, contou.
“Então, a gente consegue manter uma alta produtividade ainda com estes problemas climáticos extremos que viemos sofrendo. Estiagem forte na Fronteira Oeste, três safras. E agora com a enchente. Ainda assim conseguimos manter uma produtividade bastante boa”.
Ela também destacou que há produtores que conseguem atingir produtividades de 14 mil, 15 mil quilos por hectare.
“É uma surpresa boa para nós, e isso vem devido à parte genética as cultivares”, justificou.
E, neste sentido, Flávia mencionou a performance das cultivares do Irga, que ocupam dois terços da área gaúcha de arroz.
Inclusive a cultivar Irga 424 RI está presente em 54% da área de arroz do estado.
A cultivar é classificada por ela como “bastante produtiva e rústica, que se adapta muito bem a todas as regionais e que vem mantendo esta produtividade bastante alta”.
Novas cultivares
“O programa de melhoramento genético do Irga tem três pilares: resistência à brusone, a principal doença fúngica do arroz; altas produtividades; e qualidade de grãos, pensando no consumidor, pensando na indústria. Estes são os três fatores bastante importantes que a gente tem até como filtro dentro do melhoramento”, descreveu.
“Se a cultivar não é resistente ela já é cortada do nosso programa”.
Flavia afirmou que o principal carro-chefe da instituição é o lançamento de cultivares, como as recentes Irga 432 e Irga 426 CL.
“O programa de melhoramento genético tem bastante novidades. Devem vir novos lançamentos de CL no ano que vem. A gente consegue manter essas cultivares”, adiantou.
“Uma coisa importante que sempre dizemos sobre melhoramento: 54% é a cultivar Irga 424 RI, ficamos orgulhosos, é uma cultivar bastante importante do Irga, um marco histórico. Mas o importante é que tenhamos mais cultivares dentro do portfólio do Irga, para que a gente tenha ainda assim muita genética do Irga no campo, mas que seja dividido mais entre outras cultivares”.
A entrevista completa de Flávia Tomita, assim como o programa na íntegra e mais informações sobre o agro na edição de A Granja na TV de quinta-feira, dia 7 de novembro (Canal 48.1 TV Digital e 521 da NET Porto Alegre)