O Catar acaba de autorizar a compra de carnes ovina e caprina do Brasil, após a aprovação de certificado fitossanitário internacional.
O país do Oriente Médio já importou neste ano US$ 200 milhões em produtos agropecuários brasileiros, 90% em proteínas animais, sobretudo carne de aves e bovina.
O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco), o gaúcho Edemundo Ferreira Gressler, se mostrou muito satisfeito pelo novo mercado em entrevista ao programa A Granja na TV de segunda-feira, 21, na Ulbra TV.
“É lógico que com muito entusiasmo em vermos a ovinocultura brasileira sendo demandada por países futuramente importadores. O que temos que salientar neste processo é que não somente o Catar, como também outros mercados se abriram. Não só para carne ovina e seus derivados, mas para animais ‘em pé’, como também abertura de mercados de genética das raças ovinas brasileiras”, resumiu.
RS, terceiro rebanho
Gressler ressaltou que a partir da abertura de novos mercados internacionais será necessário aumentar a população ovina brasileira.
O dirigente destacou que o Rio Grande do Sul foi a “célula maternal da ovinocultura brasileira”, pois no estado, nos anos 1930 e 1940, começou o crescimento e desenvolvimento do segmento no país.
“Foi exatamente naqueles anos 40 que houve a organização do setor”, descreveu.
E lembrou que em 1942 ocorreu a fundação da Arco, período em que a Secretaria de Agricultura do Estado começou a implantar os programas sanitários muito necessários para o desenvolvimento da ovinocultura.
“Foram anos extremamente importantes, e a população ovina foi crescendo até os anos 60, 70. No início dos anos 80 chegamos a ter praticamente 12 milhões de ovinos”, relatou.
“E, com o passar do tempo, com o aumento do setor agrícola no estado, alguns momentos tímidos de comercialização de ovinos e, principalmente a lã, que era o grande carro-chefe à época, uma commodity, houve questões de mercado, e (a lã) passou a ter valores não tão significativos, e a ovinocultura foi perdendo um pouco seu espaço”, afirmou.
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Hoje o Rio Grande do Sul abriga um rebanho de aproximadamente 3,2 milhões de cabeças, atrás, pela ordem, de Bahia e Pernambuco.
“Mas isso não nos incomoda, pelo contrário. A ovinocultura gaúcha segue firme, muito especializada na questão de genética. Temos aí praticamente duas dezenas de raças em franco desenvolvimento, haja visto o que se mostra nas nossas principais feiras agropecuárias do RS. A Expointer, por exemplo, é uma grande vitrine, praticamente mais de 15 raças ovinas criadas no RS, claro que também com a participação de outros estados”, comemorou
Gressler ressaltou ainda que o RS “vem num processo de crescimento, de desenvolvimento de raças não só para a produção de lã, mas também como raças especializadas em produção de carne”.
Recuperação de mercado
E, segundo ele, atualmente a carne é o “grande carro-chefe” da ovinocultura gaúcha.
“Há neste momento uma recuperação do mercado, onde o nosso produtor está tendo preços mais favoráveis ao quilo do cordeiro. O mercado da lã ainda permanece muito tímido, mas já existem sinais de recuperação em nível internacional na questão de comercialização”, avaliou.
“Temos uma visão que a nossa ovinocultura está se restabelecendo, apesar dos seus gargalos, até porque ela é uma espécie pequena. Mas vemos com muito otimismo hoje esses movimentos que o Brasil está tendo nos seus vários estados com referência à ovinocultura brasileira, principalmente com a abertura destes novos mercados”.
Confira a entrevista completa assim como o programa na íntegra e mais informações sobre o agro na edição de A Granja na TV de segunda-feira, dia 21 de outubro (Canal 48.1 TV Digital e 521 da NET Porto Alegre)