O conflito na Ucrânia está ameaçando a produção mundial de grãos, o fornecimento de óleos comestíveis e as exportações de fertilizantes. Isso acabou elevando os preços das commodities básicas. O que também se reflete na crise dos mercados de energia.
Nesta quarta-feira, o governo ucraniano proibiu as exportações de centeio, cevada, trigo sarraceno, milheto, açúcar, sal e carne até o final deste ano. Portanto, a crise alimentar global desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia se intensificou.
A Indonésia aumentou as restrições às exportações de óleo de palma. A ação soma-se a uma lista crescente de países produtores-chave que buscam manter suprimentos vitais de alimentos dentro de suas fronteiras.
Óleo de palma
O óleo de palma é o óleo vegetal mais usado no mundo. É utilizado na fabricação de muitos produtos, incluindo biscoitos, margarina, detergentes para roupas e chocolate. Somente em 2022, os preços do óleo de palma subiram mais de 50%.
O ministro do Comércio da Indonésia, Muhammad Lufti, disse que as restrições às exportações visam garantir que os preços do óleo de cozinha em casa permaneçam acessíveis aos consumidores.
Crise
A alta de preços ocorre quando a acessibilidade dos alimentos é um grande desafio. Isso porque as economias tentam se recuperar da crise do coronavírus. Além disso, alimentam a inflação em todo o mundo.
A Rússia e a Ucrânia também são importantes fornecedores de óleos comestíveis. Além disso, juntas, contribuem com quase 30% das exportações globais de trigo.
O conflito não apenas interrompeu os embarques da região do Mar Negro. Mas comprometeu as perspectivas de colheitas, à medida que os preços dos fertilizantes disparam.
Os estoques também diminuem em resposta ao forte aumento no custo do gás natural. Este é um componente-chave no processo de fabricação de muitos produtos.
Trigo
Somente neste ano, os futuros do trigo de Chicago subiram cerca de 60%. O que ameaça inflacionar o custo de alimentos básicos, como pão.
A perda de dois grandes exportadores na Ucrânia e na Rússia foi agravada pelas notícias de que a condição da safra de trigo da China, pode ser a “pior da história”. Quem passou a informação foi o ministro da Agricultura do país, que é o maior produtor mundial.
Para piorar a situação, as más condições de cultivo em partes das planícies dos EUA afetadas pela seca devem reduzir ainda mais a oferta.
Sérvia
A Sérvia também anunciou, nesta quarta-feira, que proibirá as exportações de trigo, milho, farinha e óleo de cozinha a partir de quinta-feira. Segundo o governo a medida visa combater aumentos de preços. Anteriormente, a Hungria proibira todas as exportações de grãos na semana passada.
Na mesma linha de ação, a Bulgária aumentará suas reservas de grãos e poderá restringir as exportações até realizar as compras planejadas. Os fornecimentos de grãos na Romênia, um grande exportador, também diminuíram. Isso porque os compradores internacionais buscam alternativas aos fornecimentos da Rússia ou da Ucrânia, embora atualmente não haja planos para restringir os embarques.
Fertilizantes
A fabricação de fertilizantes, que ajudam a aumentar o rendimento das colheitas, é reduzida devido ao aumento dos preços do gás natural. Portanto, a produção global de grãos também pode diminuir. A Yara (YAR.OL), uma das maiores fabricantes de fertilizantes do mundo, disse na quarta-feira que está reduzindo sua produção de amônia e ureia na Itália e na França.
A empresa norueguesa alertou na semana passada que o conflito estava ameaçando o abastecimento global de alimentos. A Rússia, que chama suas ações na Ucrânia de “operação especial” em vez de invasão, era um grande fornecedor de fertilizantes. Mas o Ministério do Comércio e Indústria do país recomendou na sexta-feira que os produtores suspendam temporariamente as exportações.
Com informações da Reuters