O diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, afirma que o Brasil terá uma safra recorde. “Teremos uma safra maior que a atual em função do clima melhor. Embora a possibilidade do La Niña e do risco da menor utilização de fertilizantes pelo produtor.”
A previsão da CNA para 2022 é uma safra de grãos recorde: de 289 milhões de toneladas. Ou seja, 14% maior do que a safra deste ano. Resultado do clima favorável. No entanto, o custo de produção deve ser um dos mais caros da história, devido à alta dos custos dos insumos.
Tendência
Neste ano de 2021, o produtor rural já conviveu com o aumento de mais de 100% nos custos com fertilizantes e defensivos para culturas como soja e milho. A tendência para o próximo ano é de que este quadro se mantenha.
Segundo Lucchi, alguns fatores devem determinar o comportamento da safra 2021/2022 no Brasil. “E precisam ser acompanhados de perto. Dentre eles, a questão da logística, o abastecimento de insumos e o fenômeno climático La Niña.” Ele explica que boa parte da matéria-prima dos fertilizantes é importada, o que impacta os custos de produção.

Crédito
Sobre os financiamentos, prevê encarecimento em 2022 devido aos juros altos. “A Selic vai continuar alta em 2022, em 11,25%. Isso traz uma preocupação muito grande para o setor em função principalmente do crédito rural oficial que tem uma parte indexada na Selic.”
Conforme Lucchi, já se pode imaginar um cenário mais complicado para tomada de crédito pelo produtor.
Ele ressalta, ainda, que o insumo vai ser realmente um desafio ao produtor em relação ao custo de produção para a próxima safra. “Na questão dos fertilizantes não é algo simples. Há problemas de produção em alguns países em função da questão energética, combustíveis, logística internacional e doméstica, taxações, câmbio.” De acordo com o diretor, não é apenas um fator a ser resolvido.
“No entanto, o risco de faltar fertilizantes para a próxima safra é baixo. Apesar do preço para os produtores estar muito mais elevado.”
Bruno Lucchi
As estimativas foram feitas nesta quarta (8), durante a entrevista coletiva de final de ano da Confederação da CNA. No encontro, a Confederação apresentou o balanço de 2021 e as perspectivas para 2022 do setor agropecuário.
Alimento na mesa
Na abertura do evento, o presidente da CNA, João Martins, avaliou que, apesar de 2021 não ter sido um ano como o setor esperava, foi positivo. “Tivemos problemas climáticos em quase todas as regiões do País.” Segundo ele, isso resultou em uma frustração na safra.
“Houve alta no preço dos alimentos em todo o mundo. Mas não deixamos de produzir e colocar na mesa do brasileiro o essencial, que é o alimento,” disse.
João Martins

A entidade também prevê que a alta dos custos de produção deve achatar a margem de lucro do produtor rural de maneira geral. , Apesar da elevação dos preços e do aumento de produção de algumas culturas.
Economia
Outro fator que merece atenção em 2022 é o desempenho da economia brasileira. Algumas incertezas no cenário econômico devem influenciar o agronegócio.
Desta forma, a expectativa para o próximo ano é de um crescimento em ritmo menor do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio. A alta deve ficar entre 3% e 5% em relação a este ano, segundo a CNA e o Centro de Estudos Avançados em economia Aplicada (Cepea). Em 2021, o PIB do agronegócio deve fechar o ano com expansão de 9,37% na comparação com 2020.
Porteira para dentro
Para o Valor Bruto da Produção (VBP), a expectativa da CNA é de que a elevação de receita ocorra em menor ritmo frente a anos anteriores. O indicador mede o faturamento da atividade “da porteira para dentro” na agricultura e na pecuária.
O VBP deve ser de R$ 1,25 trilhão em 2022, crescimento de 4,2% em relação a 2021. Culturas como café, milho e trigo devem ter produções maiores e cana-de-açúcar, café e algodão deve ter elevação nos preços. Por outro lado, soja, carne bovina e arroz devem sofrer quedas no VBP no próximo ano.