Santa Catarina busca alternativas para reduzir o déficit de grãos e abastecer a cadeia produtiva de carnes e leite. Anualmente, o estado tem demanda de 7,6 milhões de toneladas de milho.
Investimentos
Em 2022, a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural pretende investir R$ 10 milhões no incentivo ao cultivo de cereais de inverno com foco na produção de ração e de silagem para produção animal. O anúncio foi feito pelo secretário-adjunto, Ricardo Miotto, nesta quarta-feira, 2, durante o Fórum Mais Milho, em Pinhalzinho.
Segundo o secretário-adjunto, a meta é investir R$ 6 milhões na produção de cereais de inverno. Além disso, R$ 4 milhões para incentivar a produção de silagem com cereais de inverno. “Uma inovação que traremos para os catarinenses”, explica Miotto.
Alternativa
O secretário da Agricultura Altair Silva, que acompanhou o evento de forma remota, destaca que o projeto demonstrou que é possível produzir cereais de inverno em Santa Catarina. Conforme ele, esta é uma alternativa viável aos produtores e para cadeia produtiva de carnes e leite do estado.
Na segunda edição do Programa, a Secretaria aumentou, ainda, o subsídio aos produtores que optarem por cultivar trigo, triticale ou centeio destinados à ração. Cada agricultor receberá R$ 300 por hectare efetivamente plantado, num limite de até 10 hectares.
Renda
“Incentivar o cultivo de cereais de inverno, além de contribuir com o fortalecimento das cadeias produtivas, traz grandes impactos na melhoria da qualidade e da armazenagem de água no solo”, destaca o secretário-adjunto. “Outra vantagem importante é a geração de uma renda extra para os agricultores. Pois ocupam suas áreas também no inverno e colhem resultados mais positivos ao longo do ano.”
Em seu primeiro ano de execução, o Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno Destinados à Produção de Grãos trouxe resultados positivos para o agronegócio catarinense. Os investimentos do Governo do Estado, combinados com o mercado favorável, resultaram em um aumento de 101% na produção catarinense de trigo.
Como funciona
Os produtores rurais procuram as cooperativas agropecuárias participantes para manifestar o interesse em fazer a semeadura de cereais de inverno. Estas, por sua vez, fornecem sementes e insumos para o plantio. O produtor realiza o pagamento ao final da safra, quando entrega os grãos e recebe o subsídio por hectare cultivado.
Os grãos entregues pelos produtores às cooperativas são destinados a agroindústrias e fábricas de ração instaladas no Estado. O projeto segue o modelo do Programa Terra Boa, bastante conhecido pelos produtores rurais de Santa Catarina.
Déficit na produção de milho
O grande esforço de Santa Catarina para aumentar o cultivo de cereais de inverno se dá pelo imenso consumo de milho da cadeia produtiva de carnes e leite. Em 2021, por exemplo, o agro catarinense consumiu mais de sete milhões de toneladas do grão e 75% desse volume foi importado de outros estados ou países.
Este ano, as estimativas do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) apontam para um novo aumento no déficit de grãos. O consumo de milho para ração deve ser ampliado em 3%.
Enquanto isso, lavouras do estado sofrem com a estiagem prolongada. Portanto, a produção catarinense pode girar em torno de 1,57 milhão de toneladas.