No início de 2022, o Brasil bateu os 13 gigawatts de potência operacional da fonte solar fotovoltaica. Conforme a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, o crescimento em 2021 superou 65%, e um grande estímulo podem ter sido as bandeiras tarifárias que elevaram os custos da energia elétrica para consumidores de todos os portes, provocando a busca por alternativas.
Investimentos
Mesmo com o ponto alto no ano passado, a energia solar cresce ano a ano no Brasil. Na última década, acumulou investimentos de R$ 66 bilhões e gerou quase 400 mil empregos.
Minas Gerais é o estado com maior potência instalada (17,5%), seguido por São Paulo (12,8), Rio Grande do Sul (12%) e Mato grosso (7,1%). Os quatro estados, juntos, respondem por quase a metade da geração distribuída de energia solar no país. No segmento rural estão 13,6% da potência instalada e 7,6% do número de sistemas.
Motivo
Conforme a coordenadora da ABsolar no Rio Grande do Sul e diretora da Solled Energia, Mara Schwengber, o primeiro e principal motivo do produtor rural buscar a utilização da energia solar é para reduzir o custo da energia elétrica.
“Então ele instala o seu sistema, conecta na rede, gera energia durante o horário de sol, utiliza uma parte e o restante injeta na rede.” Essa, conforme Mara é a geração distribuída, na qual ele fica com créditos para usar à noite ou em período de menos sol, fazendo o sistema de compensação.
A dirigente explica que esse é o formato que mais tem crescido no país. Com a crise hídrica, e os problemas que afetaram os custos da energia, ”o solar chegou como opção de reduzir esses custos de uma maneira a dar uma segurança para o agricultor”.
Bombeamento
Outra forma utilizada no agro é para sistemas autônomos de bombeamento de água. É possível, conforme Mara, durante o horário de sol, fazer o bombeamento através da energia solar, desconectado da rede elétrica.
E esse movimento é feito para dentro de açudes, de poços, ou locais para armazenamento. E pode ser utilizado tanto para os animais na pecuária quanto para aplicar em gotejamentos em pequenas irrigações.
Off-grid
O chamado “off-grid” é quando as placas de energia solar são instaladas distante das redes para, por exemplo, bombeamento de água no meio do campo. “Aí eu posso usar as placas ligadas diretamente a uma bomba e bombear essa água, no horário de sol, para dentro de um reservatório. Então ele atende principalmente onde eu não tenho acesso à rede de luz. É diferente da geração distribuída conectada na rede”, pontua Mara.
O retorno esperado dos investimentos da energia fotovoltaica é de quatro a cinco anos e pode ser instalado em qualquer tipo e tamanho de propriedade.
No Brasil não existe a modalidade de venda de excedentes na geração de energia solar. “O que existe é uma compensação de créditos. Se eu gero durante os dias especialmente no verão, mando para a rede. E isso gera créditos em quilowatt-hora e, depois, no mês ou no dia que eu preciso eu busco da rede compensar em quilowatt-hora também.”
Uso comprovado no campo
A Estância Chalé, em Cachoeira do Sul atua na agricultura e pecuária com ciclo completo. O proprietário, Ricardo Eichenberg de Lara, apostou na energia solar tanto para reduzir a conta de energia elétrica, mas também de olho na preservação de recursos naturais e sustentabilidade.
Hoje contam com 254 módulos e, no quinto mês de instalação, já vêm registrando queda na conta de luz. “Com certeza com a elevação das tarifas, nosso tempo de amortização vai ficar abaixo do esperado”, acredita.
Inteligência energética
Outra empresa do setor que apostou na geração de energia solar foi a Agrofel Grãos que, recentemente, inaugurou uma usina fotovoltaica com capacidade de 1.363.200 quilowatts. A iniciativa da Agrofel faz parte de uma estratégia de planejamento para inteligência energética, que vem sendo executado há dois anos.
A usina foi instalada junto à unidade da empresa em Júlio de Castilhos, na região Central do RS. A capacidade de geração tem para abastecer 470 residências com um consumo mensal de 250 kWh, o que significa uma conta de luz de aproximadamente R$ 300,00 mensais. Com a usina, nove unidades graneleiras, serão abastecidas.
O diretor comercial e de marketing da Agrofel Grãos e Insumos, Roni Ferrarin, diz que é só o começo. “Estamos muito felizes com os resultados que tivemos até o momento e temos planos de construir mais usinas. Sabemos o quanto a inteligência artificial e os recursos de big data são importantes para essa construção. Entendemos que investir em energia limpa e inteligência energética é um serviço social e transgeracional”, finaliza Roni.