A reportagem de capa da edição de abril da revista A Granja aborda o seguro rural. Amparada no incremento da subvenção governamental e no maior interesse de produtores, a adesão à ferramenta vem crescendo no Brasil. Ainda assim, o percentual de áreas cobertas é baixo em comparação com o total cultivado no País.
A frustração de safra provocada pela escassez de chuva na Região Sul e em parte de Mato Grosso do Sul reacendeu a importância do mecanismo de gestão de riscos. No Rio Grande do Sul, em relação à produção de 2020/21, a perda média nos grãos somava 41,1% em levantamento divulgado pela Emater/RS no início de março. A soja é a cultura mais afetada, com 53,3% de quebra, seguida pelo milho, com redução de 37,5%.
Em 2021, os gaúchos representaram 21,4% dos recursos empregados pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. É o segundo estado no ranking liderado pelo Paraná, que respondeu por 32,6% do total no ano passado, quando 121.220 produtores brasileiros participaram do PSR, um incremento de 187% em comparação a 2018. Em igual período, a área segurada passou de 4,6 milhões de hectares para 14 milhões de hectares.

Mesmo com a evolução positiva, os números ainda são tímidos diante dos mais de 70 milhões de hectares cultivados no País. “Chegamos a um nível de cobertura de cerca de 20% da área de plantio, mas precisamos massificar o seguro e trabalhar para ampliar o índice para 70% ou 80%. Assim, também poderemos ter redução de custos na contratação”, observa o produtor Elmar Konrad, vice-presidente e coordenador da Comissão de Crédito e Seguro Rural da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Aporte necessário
Em 2021, o PSR aplicou R$ 1,18 bilhão, montante 34% maior do que o de 2020. A importância segurada chegou ao recorde de R$ 68,3 bilhões, e as indenizações somaram R$ 5,4 bilhões, mais do que o dobro do ano anterior. “O programa mais do que triplicou em três anos na maioria dos indicadores, também com maior eficiência no atendimento da demanda. A resposta sobre a subvenção ficou mais rápida, por meio do que chamamos de sistema aberto. Ou seja, a imprevisibilidade de acesso diminuiu muito”, analisa o diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pedro Loyola.
Para este ano, o valor previsto para o PSR é de R$ 990 milhões, mas o Ministério da Agricultura solicitou um aporte de R$ 510 milhões, sendo que a resposta para a reivindicação junto ao Ministério da Economia é esperada para o segundo semestre. Além da elevação dos gastos para a formação das lavouras, o aumento nos preços das commodities também provoca acréscimo no valor segurado, resultando em ajustes no prêmio (preço da apólice) e, assim, a necessidade de incremento na subvenção. “Se pensarmos em manter a área segurada em 14 milhões, ou uma ampliação para 15 milhões de hectares, precisaremos de R$ 1,5 bilhão”, calcula Loyola.