A Good Meat, uma plataforma online desenvolvida pela entidade australiana MLA (Meat & Livestock Australia) publicou um vídeo que explica o papel da pecuária bovina na emissão de gases de efeito estufa. Com linguagem clara e de fácil compreensão, a peça digital informa, a públicos de qualquer segmento, como funciona o ciclo do carbono. Ainda compara o metano das vacas com o CO2 emitido pela queima de combustíveis fósseis.
Aumento de rebanho
O pesquisador da Embrapa Sudeste, Sérgio Raposo, diz que o vídeo é honesto e fala sobre não aumentar as emissões caso o rebanho seja mantido constante. “O erro é fazer parecer que a pecuária não pode fazer nada para reduzir. Ela pode. Como no exemplo de precisar menos vacas para produzir um número de bezerros”, afirma.
“Faz diferença sim o tamanho do rebanho. E é interessante que se diminuam as emissões.”
Sérgio Raposo
Ele explica que existem várias formas de melhorar esse balanço como, por exemplo, aumentando a produtividade. “A cada cem vacas em média no Brasil, nascem 65 bezerros. Se conseguíssemos aumentar para 80%, poderíamos ter, no rebanho brasileiro, 10 milhões de vacas a menos. Reduzindo o contingente de rebanho, sem diminuir a quantidade de carne produzida.”
Outro exemplo do pesquisador são as novilhas que demoram muito para emprenhar, entrar em serviço. “É um bovino que está produzindo metano sem contrapartida de carne. É outra ineficiência que é possível melhorar.”
Alimentação
Raposo, que é especialista em nutrição animal, garante que boa parte das soluções passam pela alimentação. Vacas mais nutridas têm maior eficiência reprodutiva e começam sua vida reprodutiva mais cedo. Segundo ele, melhorando a nutrição, é possível reduzir a taxa de emissão por quilo de matéria seca consumida.
“Então você tem duas vantagens. Pode produzir a mesma coisa com menos animais e diminuir a emissão de metano.”
Sérgio Raposo
O pesquisador aponta uma série de possibilidades. Dentre elas, a suplementação estratégica dos animais, a adubação de pastagens ou a pecuária de precisão.
“Entretanto, medidas que precisem de menos recursos externos á propriedade, como a rotação gramínea-leguminosa ou inoculantes microbianos, já podem resultar em bons efeitos na produtividade e na redução de emissões.”
Efeito estufa
Raposo finaliza dizendo que o pecuarista fica incomodado quando acusam a pecuária de vilã do efeito estufa. “E ele (o pecuarista) tem uma boa dose de razão, porque têm outros setores que emitem muito mais que a gente”, destaca.
Entretanto, o pesquisador diz que o produtor precisa refletir sobre este tema. Pois quem mais vai sofrer com as mudanças climáticas é ele próprio, como já visto no Sul, com estiagens recorrentes e outros problemas como secas e incêndios no Pantanal.