O plantio da safra brasileira de soja segue avançando de forma satisfatória em todo o país.
As chuvas, apesar de esparsas em algumas regiões, proporcionaram condições favoráveis para o ritmo de plantio e desenvolvimento inicial.
E segundo o Boletim de Monitoramento Agrícola de novembro, divulgado pela Conab, o Brasil deve encerrar o ano-safra 2024/25 com estoques 24% superiores ao período anterior.
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Esse resultado será impulsionado por um aumento de 2,6% na área plantada e, principalmente, por um expressivo crescimento de 12,5% na expectativa de produção, que deve alcançar o recorde histórico de 166 milhões de toneladas.
Consumo interno
Por outro lado, o consumo interno poderá crescer em cerca de 5 milhões de toneladas e, combinado com uma expansão de 13 milhões de toneladas nas exportações, resultará em um aumento de aproximadamente 11%.
Diante desse cenário, a pressão de oferta continuará bastante presente, resultando, naturalmente, numa pressão adicional nas cotações brasileiras.
Chicago
Em Chicago, o contrato de soja para janeiro de 2025 encerrou a semana passada a US$ 9,85 por bushel (queda de 1,30%).
O contrato com vencimento em março de 2025 também registrou queda de 1,59%, para US$ 9,93 por bushel.
O dólar encerrou a semana passada com alta de 0,35%, cotado a R$ 5,81.
Diante desse cenário, o mercado físico foi impactado negativamente.
Nesta semana, pelo feriado de quinta-feira, 28, Dia de Ação de Graças, nos Estados Unidos, Brasil ficará sem a referência da Bolsa de Chicago, o que poderá levar a uma redução no volume de vendas.
Tradicionalmente, nos dias que antecedem o feriado, o mercado tende a apresentar maior estabilidade nas oscilações, resultando em um baixo interesse de venda devido às cotações atuais, que são pouco atrativas.
China nos EUA
Na última semana, o USDA anunciou a venda de quase 1 milhão de toneladas com boa participação dos chineses.
Isso demonstra que os chineses estão aproveitando as boas oportunidades de preço.
Porém, isso não foi suficiente para trazer otimismo ao mercado.
E riscos na mudança do programa de biocombustíveis nos EUA e realização de lucros pressionaram as cotações de soja em Chicago, impactando os preços da oleaginosa no Brasil.
O mercado aguarda o anúncio do corte de gastos pelo governo brasileiro, previsto para até hoje, 26.
Novos adiamentos podem sinalizar dificuldades do Governo, aumentando o risco Brasil e pressionando a alta do dólar frente ao real.
A expectativa é de uma redução em torno de R$ 40 bilhões até 2026.
Se o anúncio apresentar números muito abaixo dessa projeção, poderá gerar desconfiança sobre a saúde fiscal do país, também contribuindo para a alta do dólar.
Por outro lado, caso os valores estejam alinhados com as expectativas, isso poderá desencadear um movimento de queda da moeda norte-americana, que pode se prolongar nas próximas semanas, desde que não ocorram novos agravamentos no cenário econômico.
O contrato janeiro/25 cotado em Chicago, fechou a semana sendo cotado a US$ 9.83/bushel.
Para que seja mais evidente uma recuperação nos preços, é importante que o preço consiga ser cotado acima dos US$ 10/bushel, avalia a plataforma Grão Direto.
Para esta semana, as regiões de preço relevantes são:
Em um cenário de alta, caso recupere os US$ 10,00/bushel: US$ 10,15, US$ 10,30, US$ 10,56/bushel.
Cenário de baixa, caso perca os US$ 9,80/bushel: US$ 9,75, US$ 9,70 e US$ 9,60.
São alvos mais curtos devido a possível atuação de compradores nos patamares citados.
Com base nos fatores apontados, poder haver mais uma semana negativa em Chicago, que poderá ser intensificada pela possível queda do dólar aqui no Brasil.
No interior os prêmios devem seguir valorizando para o grão disponível e com força de baixa para a safra futura.
Fonte: Grão Direto
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