A atualização dos números de intenção de plantio e estoques trimestrais norte-americanos, as altas nos derivados de óleo e farelo de soja e o arcabouço fiscal marcaram a semana passada para o mercado da soja.
Assim, em Chicago o contrato com vencimento em maio/23 finalizou a semana cotado a US$ 15,05 o bushel (+5,32%) e o contrato com vencimento em julho/23 a US$ 14,75 (+4,83%).
No relatório de intenção de plantio e volume dos estoques trimestrais dos EUA, divulgado na sexta-feira, dia 31, foi informado que a área plantada de soja será de 34,41 milhões de hectares.
A mesma área da safra anterior e abaixo da esperada pelo mercado.
O estoque trimestral de soja foi de 45,8 milhões de toneladas, também abaixo do esperado pelo mercado, resultando em um impacto positivo nos preços em Chicago.
O óleo e o farelo de soja tiveram uma semana positiva, ajudando as cotações da soja em Chicago.
O óleo subiu 4,17%, acompanhando a alta do petróleo e sua correlação com o biodiesel.
O farelo subiu 4,70% por conta do baixo volume de exportação da Argentina, maior exportador mundial, devido à quebra de safra já concretizada.
Colheita brasileira
De acordo com a Conab, aproximadamente 70% da safra de soja do Brasil tinha sido colhida até a semana passada.
Isso representa cerca de 105 milhões de toneladas de uma estimativa total de 150 milhões de toneladas.
Os preços da soja caíram com o aumento da oferta devido ao avanço da colheita, mas estabilizaram na semana anterior.
Segundo o analista da Grão Direto Ruan Sene, isso ocorreu porque os compradores precisavam garantir a originação da soja e muitos produtores optaram por armazenar o grão.
Dólar cai
Na semana passada o dólar sofreu uma queda expressiva, refletindo o novo arcabouço fiscal apresentado pelo Governo federal.
A moeda americana foi cotada a R$ 5,07 na sexta, com uma desvalorização de 3,43%.
Embora a proposta de controle dos gastos públicos ainda precise ser aprovada no Congresso, o mercado reagiu positivamente à medida, tendo em vista a manutenção da inflação em patamares elevados.
Sene acredita que apesar da queda significativa do dólar, a alta de Chicago prevaleceu apresentando leves valorizações para as cotações brasileiras, em relação à semana anterior.
Durante esta semana, o mercado continuará a analisar os novos números divulgados pelo USDA.
Além disso, a ausência da China no mercado entre segunda e quarta-feira devido ao Festival de Ching Ming provavelmente resultará em uma redução no volume de negócios e terá um efeito negativo em Chicago, já que a China é uma grande compradora de produtos agrícolas dos EUA.
Na sexta-feira, muitos países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos, terão um feriado referente à Sexta-feira Santa.
Greve na Argentina
O sindicato de inspetores de grãos da Argentina (Urgara) anunciou paralisação nacional a partir da meia-noite do dia 31, reivindicando reajuste salarial.
A paralisação pode atrasar o carregamento das 600 mil toneladas que estão nomeadas para exportação.
Para o Brasil, caso a Argentina atrase seus embarques de farelo de soja, o mercado pode recorrer ao farelo brasileiro, o que pode acarretar um prolongamento na estabilidade dos prêmios ou até uma melhora nas ofertas de compra.
Para o dólar, esta semana poderá ser marcada pela continuidade da desvalorização da moeda em relação ao real.
Na quinta-feira, haverá a divulgação dos dados de emprego nos EUA, que vão indicar a saúde da economia norte-americana e, consequentemente, afetar o valor do dólar em relação a outras moedas, incluindo o real.
Segundo o analista da Grão Direto, visto os cenários descritos, poderá ocorrer uma leve valorização nas cotações brasileiras, em relação à semana anterior.
Fonte: Grão Direto www.graodireto.com.br