A semana passada foi, mais uma vez, marcada por fortes altas nas cotações de Chicago.
Duas foram as causas:
1. Continuidade das adversidades climáticas da Argentina;
2. Atualização dos números do Relatório de Oferta e Demanda Mundial.
O contrato com vencimento em janeiro/23 encerrou a semana sendo cotado a US$ 15,38 o bushel (+2,47%).
E o com vencimento em março/23 passou a US$ 15,28 (+2,41%).
No último dia 12, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) atualizou os números de oferta e demanda mundial.
O relatório expôs uma redução na expectativa de produção norte-americana em 1,90 milhão de toneladas.
Assim, consequentemente, reduziu os estoques finais em 4,5%.
América do Sul: redução argentina
Além disso, na América do Sul, o USDA também apresentou reduções de 4 milhões de toneladas na produção argentina.
Em contrapartida, ocorreu um aumento para 153 milhões de toneladas para a produção brasileira.
Sendo assim, mesmo com o aumento no Brasil, houve uma redução na produção mundial em 3,16 milhões de toneladas, impactando, negativamente, os estoques finais.
Aumento da produção chinesa
Já na China, há uma expectativa de aumento em 1,93 milhão de toneladas.
Assim, ocasionou uma diminuição proporcional na demanda de importação.
Por ser o maior consumidor do grão no mundo, a reabertura econômica do país gera um aumento do consumo interno.
Isso acarretará oportunidade para exportação da soja brasileira.
A safra atual da Argentina, ainda bastante prejudicada pelas chuvas mal distribuídas e altas temperaturas, continuou causando preocupações ao mercado.
O relatório de Estimativas Mensais da Bolsa de Comércio de Rosario apresentou uma expectativa de redução na produção em torno de 25%.
Caso isso se confirme, será a terceira pior safra argentina desde 2018.
Câmbio em queda
A moeda norte-americana fechou a semana com queda de 2,48%.
E fechou a sexta-feira valendo R$ 5,11.
A fraqueza da moeda foi causada pela melhora nos números da inflação dos Estados Unidos, que pode resultar em um ritmo mais lento no aumento da taxa de juros norte-americano.
Além disso, no cenário interno, o anúncio de medidas econômicas positivas pelo Ministro da Fazenda também contribuiu com a queda, atraindo bastante capital estrangeiro.
Apesar da alta em Chicago, a queda do dólar predominou nas cotações da soja brasileira.
E provocou uma desvalorização, em relação à semana anterior.
Esta semana será mais curta em Chicago, por conta do feriado referente ao “Dia de Martin Luther King Jr”, no dia 16. E a bolsa esteve fechada.
Além disso, o clima na América do Sul e as exportações de soja continuarão no centro das atenções do mercado.
A moeda norte-americana deve ter mais uma semana de desvalorização.
Clima na Argentina
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) projeta continuidade de chuvas volumosas para todo o Brasil.
A exceção é o Rio Grande do Sul, que continuará em situação crítica.
Já o Serviço Meteorológico Nacional (SMN) sinaliza a continuidade de chuvas mal distribuídas e altas temperaturas na Argentina.
Caso essas condições se confirmem, poderá continuar pressionando as cotações de Chicago para cima.
Feriado chinês
Na China, diante da proximidade do feriado, o país poderá se mostrar menos presente nas compras durante essa semana em virtude das preparações para o “festival de ano novo lunar”.
A retomada da China no mercado, provavelmente, se dará com o início da colheita no Brasil, em que a chegada da oferta afetará os preços no mercado físico.
Esse cenário é desfavorável para Chicago.
Juros brasileiros
Diante da expectativa de redução no ritmo de aumento da taxa de juros norte-americana, o Brasil se torna bastante atrativo para receber capital estrangeiro por estar com taxas de juros ainda em altos patamares.
Esse cenário é fortalecido diante do anúncio de medidas internas econômicas positivas.
Diante de todo esse cenário, a semana poderá ser marcada por queda nas cotações brasileiras.
Pela desvalorização do dólar e uma possível diminuição da demanda externa.
Fonte: Grão Direto www.graodireto.com.br
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