O mercado internacional de soja absorveu, ao longo da semana, os surpreendentemente baixistas dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na tarde de sexta, 12. O relatório indicou safra e estoques acima do esperado nos Estados Unidos e um corte abaixo do esperado na produção brasileira.
O tamanho da safra brasileira, após os efeitos climáticos, ainda domina as atenções do mercado. Os números do USDA e da Conab – 155 milhões de toneladas – parecem acima da média das consultorias privadas. SAFRAS indica produção de 151,3 milhões de toneladas.
Nessa semana, a Aprosoja apontou um número em torno de 135 milhões de toneladas e uma consultoria ligada à associação apontou safra em torno de 140 milhões de toneladas. Estes números, no entanto, parecem exagerados.
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Mas o corte na produção, liderado pela queda na safra do maior estado produtor, o Mato Grosso, não chegou a impactar os contratos futuros em Chicago. O motivo é que a safra vinda da América do Sul ainda é volumosa. Além das 150 milhões de toneladas do Brasil – abaixo do esperado (acima de 160 milhões), mas ainda uma safra cheia – , se espera maiores safras do Paraguai, Uruguai e, principalmente, da Argentina.
O país vizinho e terceiro maior produtor mundial é um caso a parte. No ano passado, a produção foi dizimada pelo clima seco. Se colheu em torno de 20 milhões de toneladas. Com o bom desenvolvimento das lavouras, há previsões de que até 30 milhões de toneladas poderão ser acrescidas do país vizinho.
USDA
O relatório de janeiro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que a safra norte americana de soja deverá ficar em 4,165 bilhões de bushels em 2023/24, o equivalente a 113,35 milhões de toneladas. A produtividade foi indicada em 50,6 bushels por acre. No relatório anterior, a previsão era de 4,129 bilhões ou 112,37 milhões de toneladas. O mercado apostava em 4,123 bilhões de bushels ou 112,2 milhões de toneladas.
Os estoques finais estão projetados em 280 milhões de bushels ou 7,62 milhões de toneladas. O mercado apostava em carryover de 239 milhões de bushels ou 6,5 milhões de toneladas. Em dezembro, a previsão era de 242 milhões ou 6,58 milhões de toneladas.
O USDA repetiu a estimativa para o esmagamento em 2,3 bilhões de bushels. A exportação teve sua estimativa mantida em 1,755 bilhão de bushels.
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O USDA projetou safra mundial de soja em 2023/24 de 398,98 milhões de toneladas. Em dezembro, a previsão era de 398,88 milhões. Os estoques finais foram elevados de 114,2 milhões para 114,6 milhões de toneladas. O mercado esperava um número de 112,2 milhões de toneladas.
A projeção do USDA aposta em safra americana ficou em 113,3 milhões de toneladas. O número de dezembro era de 112,4 milhões de toneladas.
A safra brasileira foi projetada em 157 milhões de toneladas, com corte de 4 milhões de toneladas sobre a estimativa anterior. Para a Argentina, a previsão é de produção de 50 milhões de toneladas, com alta de 2 milhões de toneladas. O mercado esperava número de 156,3 milhões para o Brasil e de 48,9 milhões para a Argentina.
A China deverá importar 102 milhões de toneladas, repetindo a previsão de dezembro.
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Os estoques trimestrais de soja em grão dos Estados Unidos, na posição 1o de dezembro, totalizaram 3 bilhões de bushels de bushels. O volume estocado recuou 1% na comparação com igual período de 2022.
O número ficou acima da expectativa do mercado, de 2,982 bilhões de bushels. Do total, 1,45 bilhão de bushels estão armazenados com os produtores, com baixa de 2% sobre o ano anterior. Os estoques fora das fazendas somam 1,55 bilhão de bushels, com leve alta.
Mato Grosso
Em Mato Grosso, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) a falta de chuva foi pautada pelo intenso El Niño nesta temporada, que resultou em dias quentes e longos períodos sem chuvas no decorrer do desenvolvimento da soja em vários municípios de Mato Grosso. A produção da safra 2023/24 ficou projetada em 39,01 milhões de toneladas no Mato Grosso, queda de 13,93% ante a safra passada.
Houve quebra expressiva na produtividade das áreas que foram semeadas até o final de outubro/23, onde o regime de precipitação foi menor que o necessário para o desenvolvimento das lavouras, o que resultou no encurtamento do ciclo da soja e prejudicou o potencial produtivo das plantas.
Colheita
A colheita da safra de soja 2023/24 do Brasil está em
2,1% da área total esperada, até o dia 12 de janeiro. A estimativa parte de levantamento de SAFRAS
& Mercado. Os trabalhos iniciaram mais adiantados se comparados com o mesmo período do ano passado – 1% – e também superam a média dos últimos cinco anos, de 1,7%.
Segundo SAFRAS, a colheita no Paraná é de 4%, comparada com a média de 4,2%. No Mato Grosso, os trabalhos chegaram a 6%, superando a média de 4% para o período.
Fonte: Agência SAFRAS