A volta da peste suína africana na China, o aumento do percentual de mistura de biodiesel no diesel e as chances de El Niño na Ásia definiram os rumos da soja em Chicago na semana passada.
Assim o contrato com vencimento em maio/23 finalizou a semana sendo cotado a US$ 14,76 o bushel (-2,06%).
Já o contrato em julho/23 foi a US$ 14,61 (-2,21%).

A epidemia de peste suína africana na China já começa a apresentar para o mercado o mesmo sentimento de 2021, quando o país asiático teve que abater 40% de seu rebanho de suínos.
Na época, a doença colaborou para uma queda expressiva nos prêmios da soja brasileira.
E, agora, em 2023, isso poderá acontecer novamente, agravando ainda mais as quedas atuais.
O mercado de suinocultura é o maior demandante de farelo de soja no mundo, que é usado para alimentação do rebanho.
Desta forma, um novo abate expressivo diminuiria significativamente a demanda pela soja brasileira.
Biodiesel B12
Por outro lado, o Governo brasileiro decidiu que a mistura de biodiesel no diesel passará de 10% para 12% a partir de abril.
E chegar a 15% até 2026.
O aumento na mistura do biodiesel apresenta um aumento na demanda por soja no mercado interno.
Afinal, o derivado óleo de soja é uma das matérias primas para o biodiesel, abrindo assim novas oportunidades de venda para o produtor brasileiro.
El Niño
Conforme se aproxima o início da safra norte-americana, o mercado vai ficando mais cauteloso em relação ao clima.
Isso porque o fenômeno La Niña está se enfraquecendo, indicando uma possibilidade da ocorrência do fenômeno El Niño.
Normalmente, o fenômeno apresenta um inverno menos frio, com volumes maiores de chuvas para o sul do Brasil.
Enquanto que nos Estados Unidos, normalmente nota-se um volume de chuvas maior com temperaturas mais elevadas, principalmente nas regiões centrais do sul e sudeste.
No mais, dependendo da intensidade e variações do fenômeno, ele poderá causar fortes secas com aumento no volume de furacões e tempestades na região Leste dos Estados Unidos.
Câmbio em alta
O dólar teve uma semana de alta nas cotações, fechando a US$ 5,27 (+1,15%).
Durante a semana, as atenções se voltaram para o Vale do Silício, onde o maior banco financiador das startups, o Silicon Valley Bank(SVB), apresentou balanços negativos, e indo à falência.
Esse cenário reacende o temor de uma possível recessão econômica nos EUA, impactando o mercado global.
Diante disso, mesmo com a alta apresentada na cotação do câmbio, não foi suficiente para surtir efeitos positivos nos preços da soja no mercado físico.
No do decorres desta semana, o mercado ficará de olho na reunião do Banco Central dos Estados Unidos (FED), que deverá definir o rumo para as taxas de juros naquele país – após a quebra do SVB.
Vale ressaltar que anteriormente o FED havia anunciado uma desaceleração nos aumentos das taxas de juros.
Contudo, os temores de recessão, juntamente das informações do relatório do Payroll mostrando a economia aquecida, podem ser fatores determinantes para um possível aumento.
Além disso, o mercado manterá as atenções nas informações sobre o avanço da peste suína africana na China.
O vírus tem um poder de contaminação alto e pode rapidamente se espalhar entre os suínos, causando a morte ou a necessidade de abate.
Em contrapartida, pode haver uma fomentação no mercado interno de suínos, intensificando a demanda interna por farelo de soja, já que é utilizada para fabricação da ração para alimentação do animal.
Diante das condições logísticas e avanço da colheita, os prêmios tendem a sustentar as quedas, puxando os preços do mercado físico brasileiro para baixo.
O cenário com uma diminuição da demanda chinesa, devido à peste suína, tende a fazer uma pressão de baixa nas cotações de Chicago para a próxima semana.
Fonte: Grão Direto www.graodireto.com.br