Por Leandro Mariani Mittmann
As projeções para os segmentos de carnes suína e de frango são animadoras para o próximo ano. Seja em consumo doméstico como em exportações. É o que aponta a entidade que representa os dois segmentos, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

As primeiras projeções traçadas pelo setor para o próximo ano apontam para um quadro novamente favorável ao desenvolvimento da atividade no país. A produção deverá crescer em níveis sustentáveis, equilibrada em termos de oferta e demanda, que seguirá duas matrizes claramente distintas.
Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
Conforme o dirigente, a primeira das matrizes é o consumo interno, para onde se destina de aproximadamente 70% da produção.
“Aqui vemos o reflexo direto dos efeitos dos programas sociais. Ao que tudo indica — considerando que a presente análise foi escrita antes da conclusão do período eleitoral — os programas serão mantidos. E os valores apresentados pelos programas de governo que concorreram ao pleito, em torno de R$ 600, dão boas perspectivas sobre a dedicação de recursos em alimentação, com especial destaque para a proteína animal”, avalia.
“A carne de frango, por questões óbvias — como preço e disponibilidade — leva larga vantagem”.
E a ABPA entende o consumo em 2023 deverá repetir o de 2022.
Exportações
Quanto ao mercado internacional, Santin considera que os “fatores são ainda mais complexos”. “Muito além do comportamento de baixa previsibilidade do câmbio, há elementos que pressionam o comércio de carne de frango, diante de adversidades que vão desde questões sanitárias até conflitos geopolíticos”, resume.
No campo das questões sanitárias, quem atua no setor sabe bem: a Influenza Aviária deixou de ser uma questão sazonal. Agora, parece estar se tornando endêmica. Doença mais comumente registrada em períodos frios, os focos de IA persistiram nos meses quentes do Hemisfério Norte. Por lá, o verão chegou ao fim e agora fica a perspectiva de que o quadro não deverá ceder nos próximos meses.
Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
Guerra na Ucrânia
Ele acrescenta que, por outro lado, o conflito no Leste Europeu tem gerado consequências severas para a União Europeia.
“A Ucrânia, antes representativo competidor do comércio avícola, deixou no mercado global uma lacuna significativa”, esclarece.
“Há grandes dificuldades, também, no comércio de grãos provenientes da região, de onde vinham até 17% do milho exportado no mundo. De lá, também, vinha a matriz energética que movia a avicultura europeia”, explica.
“Somados estes fatores, hoje vemos um quadro de incerteza, em especial, para os produtores europeus, que são os terceiros maiores exportadores de carne de frango do planeta”.
Mais procura pelo Brasil
O dirigente complementa que em tal ambiente, tem aumentando a demanda pelos produtos brasileiros, e que não parece dar sinais de mudança no quadro no curtíssimo prazo, e ainda deverá gerar efeitos ao menos nos primeiros meses de 2023.

“Neste contexto, é provável que haja o registro de um novo recorde de exportações no próximo ano, superando as 5 milhões de toneladas embarcadas. Nações da Ásia (como China, Filipinas, Vietnã, Coreia do Sul, Japão e outros), a União Europeia, mercados sazonais como o do México e do Oriente Médio — como os Emirados Árabes, Catar e outros — deverão estar entre os mercados que sustentarão esta demanda”, estima.