Nesta quarta-feira (09) a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o grupo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ouviu um casal de testemunhas, Noemia dos Santos e Joviniano Rodrigues, que integraram o MST até o ano de 2001.
Noemia dos Santos
O deputado Gustavo Gayer (PL/GO) questionou a dona Noemia dos Santos, testemunha assentada da área 3 na fazenda Palmeiras/GO, sobre o porquê de ela ter entrado mancando na sessão. Ao que Noemia lhe respondeu que isso se deu como consequência da protocolização de um pedido no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de independência da área em que ela e o marido, Joviniano Rodrigues, moravam junto a outras famílias em 2001.
Noemia contou que, naquele mesmo dia, à noite, diversas pessoas armadas com foices e machados arrebentaram a porta do seu barracão, no qual estavam ela e a filha, ainda bebê. Tendo invadido a sua moradia, esses membros do MST a teriam espancado, de modo que até hoje, 22 anos depois, ela tem problemas de coluna e caminha com dificuldade.
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“Tiraram minha filha dos meus braços e levaram não sei pra onde”, disse Noemia, trêmula. Ela afirmou ter pedido a Deus para que o Senhor protegesse, com Seu exército, a sua filha, que era ainda um bebê, e que nesse momento um dos líderes do grupo ordenou que não fosse feito nada com Noemia e a menina, pois uma tropa do exército estava em treinamento ali perto e havia adentrado a fazenda.
A testemunha disse ainda que todos os seus pertences foram destruídos e deixados junto a ela às margens de uma rodovia. E disse ainda que, em depoimento à Polícia Federal, teria afirmado que o MST tem metralhadoras e escopetas e que o grupo arma também as crianças.
Foi relatado ainda por Noemia que uma senhora chamada dona Maria foi enrolada em um colchão para ser queimada viva, mas que seu sogro intercedeu por ela, afirmando que a filha de dona Maria era deficiente. Assim, ao invés de ser assassinada, ela teria sido deixada às margens da mesma rodovia que fora, também, Noemia.
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Gayer afirmou, então, que o depoimento de Noemia, por mais doloroso que fosse, ajudaria no resgate de “centenas de milhares de pessoas das mãos dessas pessoas. Vai contribuir para que esse movimento terrorista de vagabundos, criminosos, que ainda ajudam a eleger parlamentares, ou vão pra cadeia, ou pelo menos deixem de existir e vão procurar um trabalho honesto”.
Joviniano Rodrigues
No dia 9, Joviniano Rodrigues, assentado da área 3 na fazenda Palmeiras/GO, contou que o grupo se utilizava de táticas de guerrilha para confrontar a polícia. Segundo a testemunha, houve uma vez, em 1999, em que foram cavados buracos de 1m de profundidade para quebrar as patas dos cavalos da polícia na proteção da fazenda Palmeiras, que fora ocupada pelo grupo. Esses buracos ficariam entre cercas de arame farpado e seriam recobertos por capim para enganar os policiais.
Joviniano também contou que roubos de carga e mortes de animais eram chamados de “ações”. Ao invés, portanto, de se dizer que haveria um saque a um caminhão, dizia-se que seria feita uma “ação” em um transporte de carga. Ele saiu do MST em 2001, quando protocolou o pedido referido por dona Noemia junto ao Incra, ocasião na qual ela teria espancada por membros do MST.
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Nessa época, segundo relatou Joviniano, o líder estadual do MST em Goiás era Valdir Misnerovicz. Ele foi candidato a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 2022, mas não se elegeu.
Condenado por esbulho possessório – que é a tomada de um bem alheio mediante violência, clandestinidade ou precariedade – e organização criminosa, segundo a revista Veja, o petista ainda teve uma passagem de 5 meses pela cadeia em 2016, acusado de agredir e torturar funcionários de uma fazenda na cidade de Santa Helena de Goiás. Hoje ele é o coordenador do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) no estado de Goiás, tendo sido nomeado por Lula (PT).
Pedido de proteção
Foi solicitado à polícia federal para que os depoentes recebessem segurança a fim de que não sofressem retaliações por parte do MST, como serem assassinados e até mesmo esquartejados, pois, segundo relato do deputado Gustavo Gayer (PL/GO), confirmado por Joviniano, decapitar e entregar a cabeça de um dissidente para que servisse de comida aos porcos é prática comum dentro do movimento.
Assista a sessão da CPI do MST do dia 09/08 na íntegra pelo vídeo abaixo: