O Sindicato das Empresas de Transporte e Logística no RS (Setcergs) divulgou nota nesta sexta-feira, 29, em que alerta sobre o momento crítico do setor. “A situação é provocada pelos reajustes constantes e expressivos nos preços do óleo diesel.” Outras entidades do setor já tinham se posicionado sobre a alta do combustível.
Roberto Machado, diretor de Gestão do Setcergs, conversou exclusivamente com Thais D’Avila, para o Portal A Granja Total Agro. Ele afirma que a nota é dirigida a dois destinatários: embarcadores e governo. “Estamos falando basicamente aos embarcadores para que negociem com as transportadoras o repasse dos valores dos fretes.”
Custo operacional
Segundo ele, 50% do valor do transporte é diesel. “E o impacto é muito grande do custo da operação. Precisamos do imediato realinhamento do preço do frete”, explica.
O governo, por sua vez, “precisa dar contrapartida para manter um equilíbrio”. Machado relata que transportadoras amargam reajustes expressivos dia após dia. “Isso impacta também um acréscimo na parte tributária. Agora, há um pedido geral para que o valor do ICMS seja congelado. Assim, pelo menos o impacto tributário fica amenizado.”
Dois fatores são responsáveis pela situação: a elevação internacional do preço do barril do petróleo e a alta do dólar em relação ao real. “Houve um acréscimo substancial no preço do diesel, e o mercado não consegue absorver isso.”
Redução tributária
Segundo ele, é preciso que o governo equilibre isso com redução tributária. “Está havendo um impacto diretamente na veia da economia. Embarcadores, transportadores, governo federal e estadual têm de fazer um esforço conjunto neste momento.”
Ao governo federal, Machado sugere que faça com que a Petrobras programe suas altas com antecedência. “Empresas estão fechando as portas porque não tem mais condições de manter suas frotas operando. O custo do diesel está causando um desequilíbrio grande no setor.”
Leia a nota na íntegra:
O SETCERGS vem corroborar o posicionamento adotado pelas demais entidades representativas do setor no estado, no sentido de alertar sobre a situação crítica provocada pelos reajustes constantes e expressivos nos preços do óleo diesel.
O combustível chega a representar mais de 50% dos custos do serviço. Esse descontrole de preços gera dificuldades tanto na administração das empresas quanto nas negociações com os clientes e consequente prejuízo. Resultado que vai na contramão do crescimento econômico de que tanto necessita nosso país.
A manutenção da saúde financeira das transportadoras torna imprescindível o repasse imediato dos aumentos para o preço dos fretes. Mas, além disso, é urgente a adoção de políticas que tragam previsibilidade para tais reajustes e contenção da alta carga tributária que, ao contrário dos anseios da sociedade brasileira, segue sem solução. Em especial o congelamento do ICMS sobre o preço do diesel por um prazo mínimo de 90 dias.
Acompanhe, abaixo, a nota das entidades gaúchas do setor:
Explosão do preço do diesel desestabiliza o setor de transporte de cargas
O Sistema FETRANSUL, entidade que representa 13 Sindicatos Empresariais e mais de 20 mil Transportadoras de Cargas no RS, vem a público prestar os seguintes esclarecimentos:
Notícias dão conta de uma possível paralisação dos caminhoneiros autônomos, como protesto aos constantes aumentos nos preços do diesel;
É importante salientar que tais notícias se referem aos caminhoneiros autônomos e não às Empresas de Transporte de Cargas;
Por outro lado, esclarecemos que as Empresas de Transporte de Cargas, além de utilizarem frota própria, também subcontratam os caminhoneiros autônomos para realizarem o serviço, nos termos das leis 11.442 e 13.103, sendo remunerados por isso. Portanto é um equívoco especular que as empresas estariam por trás deste movimento dos autônomos, pois as transportadoras também terão que pagar esta conta. Acrescente-se que as paralisações geram incontáveis prejuízos às empresas, pois sua frota própria ficará impedida de transitar, e sobretudo, porque seus clientes não serão atendidos;
Por outro lado, é inegável que o segmento passa por enormes dificuldades ao ter que renegociar seus preços de fretes com os embarcadores (tomadores do serviço), num espaço de tempo muito curto, visto que estamos convivendo com mais de um aumento no diesel por mês. Somente em 2021, o DIESEL JÁ SUBIU 65%, o que desencadeou aumentos semelhantes nos equipamentos e insumos utilizados, como caminhões, implementos, pneus, câmaras de ar, lubrificantes etc;
Diferentemente da monopolista condição da Petrobras, que eleva o preço dos combustíveis sem pressões de mercado, o modal rodoviário de cargas, totalmente alicerçado na iniciativa privada e livre concorrência, passa por grandes dificuldades mercadológicas. Tal como fazem as distribuidoras e postos de abastecimento, a única saída diante da elevação do preço dos combustíveis, é o seu IMEDIATO REPASSE AOS FRETES;
Como todas as atividades econômicas, não há como manter o transporte de cargas operando com PREJUÍZO. Só mediante tarifas condizentes com o pressuposto do lucro, poderemos manter nossa imprescindível missão de abastecimento do sistema produtivo nacional;
Não é razoável continuarmos a assistir a passividade dos Governos Federal e Estadual diante destes aumentos e suas consequências nefastas à economia, razão pela qual urge a necessidade de redução da carga tributária incidente sobre os combustíveis, principalmente o ICMS.
Afrânio Kieling – Presidente Sistema Fetransul
Eliane Maas – Presidente do SETAL Uruguaiana
Sérgio Mário Gabardo – Presidente do SETCERGS Porto Alegre
Claudio Pinheiro – Presidente do SETCESUL Pelotas
Glademir Zanette – Presidente do SETNOROESTE Ijuí
Isonir Canalli – Presidente do SETRACAP Passo Fundo
Fernando Marini – Presidente do SINDIBENTO Bento Gonçalves
Octavino Pivoto – Presidente do SIVECARGA Caxias do Sul
Moisés A. Knopf dos Santos – Presidente do SINDICAR Carazinho
Paulo Brondani – Presidente do SINDISAMA Santa Maria
Angelo Damião Rodrigues de Mello – Presidente do SINDITRANSPORTES Santana do Livramento
Paulo Ricardo Ossani – Presidente do SINDIVAR Vacaria
Elemar Walker – Presidente do SINTRALOG Santa Rosa