A área plantada com trigo em 2024 no Brasil deve totalizar 2,845 milhões de hectares, segundo estimativa de Safras & Mercado.
A superfície deverá ser 16,2% inferior aos 3,395 milhões de hectares semeados no ano passado.
Os dois maiores estados produtores, Paraná e Rio Grande do Sul, são os principais responsáveis pela redução na área.
Os paranaenses devem plantar 1,12 milhão de hectares, 18,8% a menos do que em 2023.
E o plantio gaúcho deve somar 1,2 milhão de hectares, queda de 17,2% ano a ano.
Mais produtividade
Apesar do corte de área, a produção brasileira deve crescer em 2024 graças a um aumento na produtividade.
No ano passado, a safra foi prejudicada por chuvas na época da colheita, que resultaram num rendimento médio de 2.504 quilos por hectare.
Neste ano, a projeção de Safras & Mercado é de 3.112 quilos por hectare.
Assim, a produção nacional totalizaria 8,855 milhões de toneladas, 4,2% acima das 8,5 milhões do ano passado.
O Paraná deve colher 3,6 milhões de toneladas, 1,4% abaixo do ano passado.
O Rio Grande do Sul seria o principal produtor brasileiro nesta temporada, com 3,75 milhões de toneladas projetadas, um aumento de 19% ano a ano.
Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, no Rio Grande do Sul, a quebra da última safra, os preços pouco atrativos e a falta de sementes foram os principais motivadores da redução.
O recuo de área no Paraná é o maior entre os estados produtores e ocorreu devido, principalmente, à perda de área para o milho safrinha.
“Os produtores também sofreram, e ainda sofrem, com a escassez hídrica. Com pouca umidade muitas lavouras perfilaram mal ou então nasceram em intervalos de tempo distintos”, explica Bento.
“Dessa forma, terão estágios distintos de plantas em uma mesma lavoura. Muitos municípios na metade Norte do estado enfrentaram até 40 dias sem precipitações. Isso faz com que o estado tenha o pior início de safra registrado desde 2011, quando geadas intensas foram registradas mesmo no Norte do estado”, acrescenta.
“A região dos Campos Gerais, que planta mais tarde, ainda tem boas perspectivas. Nessa região o milho safrinha não é uma opção e o trigo costuma ser uma opção mais segura em relação à principal concorrente, a cevada”.
Mais sobre o cereal em Trigo já ocupa mais de 80% da área no Rio Grande do Sul, mas lavoura pode encolher
Otimismo em Santa Catarina
Em Santa Catarina, depois de uma das piores safras da história, os produtores estão bastante otimistas com a temporada atual.
“O clima tem contribuído para uma boa imersão e desenvolvimento das lavouras. A área plantada será 12% menor, mesmo assim, com a menor retração entre os estados do sul”, relata o analista.
A estimativa é de que sejam plantados 115 mil hectares.
“Com isso, os catarinenses voltarão a ser os terceiros maiores produtores do cereal no país. Na temporada passada haviam sido ultrapassados por Minas Gerais e São Paulo”, salienta.
São Paulo encolhe
Em São Paulo, a área plantada com trigo deve recuar 19,2% para 105 mil hectares.
“Perda de área para o milho safrinha e falta de chuva no momento do plantio foram os principais motivos desse recuo”, descreve Bento.
“A produção paulista vinha numa evolução constante nos últimos anos. Sendo o maior consumidor de trigo do país e um dos maiores moageiros, a demanda para trigo estadual é garantida. Porém, o plantio ainda encontra a concorrência de outras cadeias produtivas mais estruturadas e eventualmente, problemas climáticos”.
Fonte: Safras & Mercado