Imagine um lote de 3 mil vacas pastando sobre 1,5 hectare de pasto. Como um tsunami, em pouco tempo, elas comem praticamente tudo e partem para outro hectare, devidamente delimitado, onde seguem a mesma rotina.
Pastejo ultradenso
Este é o raciocínio básico do chamado pastejo ultradenso com não seletividade. Um sistema de consumo que usa uma altíssima carga de animais para pastejar durante o menor tempo no menor espaço físico possível para obter uma colheita de capim eficiente.
Assim, o gado pisa sobre as folhas mortas que ficam embaixo das touceiras, defeca e urina sobre elas, criando uma espécie de compostagem, que aduba o solo. Dessa forma, defende a médica-veterinária e pecuarista Aline Kehrle, o criador melhora o solo, o pasto. Além disso, elimina a necessidade de agroquímicos para controle de ervas daninhas.
Planejamento e gestão
No entanto, ressalta que o objetivo somente pode ser alcançado mediante planejamento e gestão. “Isso só engloba a escolha dos locais onde serão colocados os piquetes, um cálculo do tempo permanência em cada piquete etc.”
A prática é a base da chamada pecuária regenerativa, sobre a qual Aline discorre na entrevista do mês de fevereiro da edição impressa da Revista AG. Além disso, conta como se encantou pelo tema, por meio do biólogo Allan Savory, a proprietária da Agropecuária Kehrle, localizada em Aliança do Tocantins (TO).
Ela ainda detalha como faz, juntamente com o esposo, a seleção, o manejo, a nutrição e a gestão do rebanho de fêmeas Nelore de maneira não só sustentável. Mas devolvendo o equilíbrio natural ao meio ambiente, como ela mesma define.
Relações
Um dos principais pontos que explica é que o impacto na produção se dá no aumento da relação entre o número dos animais com o uso da terra ou de quanto o peso do bezerro é, em porcentagem, do peso da mãe. “São relações entre essas grandezas que darão, de fato, sua produtividade real. De nada adianta produzir um bezerro de 300 quilos com muito input externo, pois seu lucro estará sendo comido. Então, estamos falando em: observe mais as relações da propriedade do que o indivíduo em si”, completa.
Quer conferir a entrevista na íntegra? Acesse a AG de fevereiro clicando aqui!