Os preços da soja dispararam no Brasil e na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) em fevereiro. Mas a comercialização avançou pouco. As preocupações com a quebra na safra sul-americana, a boa demanda pela soja dos Estados Unidos e o conflito na Ucrânia impulsionaram as cotações.
A saca subiu de R$ 200 para R$ 209 no período em Passo Fundo/RS. Em Cascavel/PR, a cotação avançou de R$ 188 para R$ 199. Já em Rondonópolis/MT passou de R$ 179 para R$ 189. Em Paranaguá/PR disparou de R$ 193 para R$ 204.
Os prêmios de exportação também subiram bastante, em meio ao aumento na demanda e ao ritmo lento na comercialização. Os contratos com vencimento em maio acumularam valorização de 11,5% entre o final de janeiro e 3 de março, com o preço fechando a US$ 16,67/bushel. O dólar comercial, no entanto, recuou 5,3% para R$ 5,028, chegando a operar abaixo de R$ 5.
Ucrânia
A soja está na “onda” do trigo na Bolsa de Mercadorias de Chicago, que vem sendo impulsionado pelo conflito na região do Mar Negro. A afirmação é do analista e consultor de Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque.
O analista lembra que a Ucrânia e a Rússia não são importantes produtores de soja, ao contrário do trigo, onde têm grande relevância. “De qualquer forma, o preço de equilíbrio em Chicago neste momento oscila de US$ 16 a US$ 16,50 por bushel, pondera. “O valor de US$ 17 por bushel é um pouco exagerado”, acredita.
Sobre a quebra na América do Sul, Gutierrez comenta que a grande demanda pela soja norte-americana é por este motivo. “Os países estão comprando dos Estados Unidos para compensar”, explica.
Já a volatilidade para a soja deve persistir em Chicago, conforme o consultor, até o final de mês. “Quando sai o relatório de intenção de plantio dos Estados Unidos, dia 31 de março”, completa.
Produção
A produção brasileira de soja em 2021/22 deverá totalizar 125,08 milhões de toneladas, com recuo de 9,4% sobre a safra da temporada anterior, que ficou em 138,1 milhões de toneladas. A estimativa é de Safras & Mercado. No relatório anterior, de 11 de fevereiro, a projeção era de 127,17 milhões. O corte sobre a estimativa anterior é de 1,64%.
Safras indica aumento de 4,1% na área, estimada em 40,78 milhões de hectares. Em 2020/21, o plantio ocupou 39,19 milhões de hectares. No relatório anterior, Safras indicava área de 40,75 milhões de hectares. O levantamento aponta que a produtividade média deverá passar de 3.542 quilos por hectare para 3.083 quilos.