Em 1º de outubro é celebrado o Dia Internacional do Café.
Nesta data, ontem, o programa A Granja na TV, veiculado pela Ulbra TV, destacou o consumo da apreciada bebida em reportagem realizada em cafeterias especializadas.
E também em entrevista com o agrometeorologista Gilberto Cunha, pesquisador da Embrapa Trigo, sediada em Passo Fundo/RS, que esclareceu porque o Rio Grande do Sul não produz o grão em escala comercial e, ainda, se um dia esse cultivo será relevante nas lavouras do estado.
A princípio, esclareceu Cunha, é impossível produzir a cultura em ambientes com possibilidade de geadas, que é uma realidade do Rio Grande do Sul.
“Longe”
“A adaptação do café, de pomares de café de forma comercial no estado, está longe. E também não creio que as mudanças no clima que ora se projetam vão suprir esta lacuna de transformar uma região temperada, com ocorrência de geadas, numa zona de clima tropical, onde melhor se adapta a planta de café”, definiu.
“Principalmente porque a mudança do clima, que é confundida com aquecimento global, com elevação de temperaturas, não elimina a chamada variabilidade do clima. E dentro desta variabilidade do clima nós temos presente que, independentemente de elevação das temperaturas médias, há dias em que as temperaturas extremas caem abaixo de zero grau Celcius. E bem abaixo”, acrescentou.
O especialista destacou que neste ambiente, as plantas mais adaptadas às condições tropicais acabam morrendo.
“Por isso é um risco, eu diria pelo menos nas próximas décadas, nos próximos anos, no curto e médio prazo. Eu ainda não olharia para a produção de café num sistema natural, embora com proteção artificial, em algumas áreas que hoje já tem características tropicais, e não é de hoje, em que as fruteiras tropicais se adaptam, a possibilidade”, definiu.
“Porque seria um cultivo, pelo menos com a tecnologia que se tem hoje, com as características do clima, com as medidas de proteção, um sistema de produção de altos riscos e que se configuraria especialmente naquelas áreas em que as chamadas fruteiras de clima tropical hoje têm certa adaptação.”
Para ele, cabe ao Rio Grande do Sul explorar outras alternativas de cultivos que não o café.
Mudanças climáticas e pesquisa
Cunha destacou ainda que “o tema sobre a mudança do clima permeia a pesquisa em escala global”.
O pesquisador lembrou que as duas condições, de temperatura mais elevada “da tendência que já é uma realidade”, e também de maior umidade, criam um ambiente para alguns cultivos mais inóspito.
“E neste caso a busca hoje está muito centrada na questão sanitária, de produção de cultivares que tenham uma maior tolerância, resistência, principalmente para as chamadas doenças de espiga no Sul do país, que são devastadoras”, explicou.
E mencionou a doença do trigo giberela, que compromete a produção e também a qualidade de grãos.
“E nos últimos anos tivemos uma nova ameaça que até então tinha estado restrita à região tropical, ao norte do Paraná, São Paulo, Minas, Goiás, Mato Grosso do Sul, uma doença muito séria do trigo chamada brusone que afeta a planta, mas particularmente as espigas”, revelou.
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“Em 2023, quando tivemos um inverno bastante quente, uma condição de umidade elevada, ano de El Niño, acabou sendo um fator que afetou negativamente muitas lavouras e causou muita frustração”, complementou.
“Então, hoje a preocupação do melhoramento genético e do manejo das culturas de todos os cultivos, mas dos cereais de inverno, do trigo em particular, é esta preocupação com a construção de cultivares com maior tolerância, resistência particularmente às chamadas doenças de espiga que comprometem produtividade e qualidade”.
Confira a entrevista completa no link abaixo, assim como mais informações sobre o agro no programa A Granja na TV, da Ulbra TV, edição de terça-feira, dia 1º de outubro (Canal 48.1 TV Digital e 521 da NET Porto Alegre)