Os sistemas de inteligência artificial estão, de forma crescente, tornando-se grandes aliados na luta do criador contra o vazio operacional no campo. Conforme especialistas do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a disponibilidade de tecnologias a serviço da bovinocultura de corte vem sendo ampliada e chega até o pecuarista por meio de um insumo (um novo suplemento), ou de um processo (o manejo reprodutivo). Dentre elas, em artigo publicado no Guia do Criador 2022, o grupo destaca as ferramentas inteligentes dedicadas ao manejo.
Desenvolvimento tecnológico
Nesse sentido, dizem Júlio Barcellos, Marcela Rocha, Victória Dias e Daniele Zago, a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico aplicado buscam integrar questões ligadas aos resultados esperados, aos custos, aos riscos inerentes e à sua viabilidade operacional. São tecnologias que prescindem de mão de obra especializada ou a substituem parcialmente. Mas que dependem da flexibilidade e da capacidade do criador em lidar com mudanças.
A que sob os mesmos resultados de um procedimento consolidado, o novo pode apontar para uma otimização e uma economia no sentido de obter índices produtivos similares.
Os especialistas também ressaltam que a geração de novas técnicas ou a disseminação de inovações já existentes remete a um horizonte que também precisará contemplar a sustentabilidade ampla e as percepções dos novos consumidores para convergir de modo seguro para a continuidade do negócio.
A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é um dos exemplos tecnológicos que reduz a necessidade de mão de obra na operação de reprodução. Afinal, reunir um lote de matrizes e identificar o cio duas vezes ao dia, por um período de, no mínimo, 21 dias, significa reunir os animais por todo esse tempo (desde que todas as fêmeas estejam ciclando).
Mudança de protocolos
Com a IATF, o criador os reúne apenas três vezes, no centro de manejo, para realizar protocolos específicos e inseminação, sem ter de identificar diariamente o cio como na inseminação convencional. “Portanto é uma tecnologia que prescinde daquele profissional especializado em reunir diariamente as matrizes, identificar o cio, conduzir até o centro de manejo e inseminar”, pontuam.
Em sequência, após o diagnóstico de gestação, agora de forma muito precoce, por meio do ultrassom, é possível ordenar o grupo de matrizes por data provável de parto, facilitado por uma parição concentrada, resultado dos protocolos de IATF. “Assim, os cuidados da parição são conduzidos por menos pessoas, pois as vacas vão parir durante poucos dias, o que facilita alocá-las em piquetes maternidade reservados, dedicar-se com mais atenção por parte de um parteiro especializado, considerando uma relação 1 parteiro:500 vacas, tornando todo o processo mais eficiente”, explicam os pesquisadores.
Drone
Outra tecnologia que pode substituir, em parte, o olhar atento dos vaqueiros/campeiros na revisão dos pastos é o drone. O equipamento serve para revisar pastos, inclusive os de difícil acesso até mesmo por meio de cavalos. Também monitora, em tempo real, o rebanho como um todo, os bebedouros, as cercas ou alguma anormalidade extra.
Na mesma linha das inovações, além da cerca elétrica, consolidada há décadas, recentemente, surgiu a cerca virtual como mecanismo de divisão de piquetes temporariamente, conforme as necessidades alimentares ou de manejo do rebanho, como alguns exemplos de sua utilização. A facilidade de manejo, pelas amplas possibilidades de recorte de uma área de pastagens, a eliminação da manutenção diária das cercas físicas e ainda um monitoramento a distância são vantagens complementares da tecnologia.
Confira o artigo completo sobre essas e outras inovações tecnológicas no Guia do Produtor 2022.